O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (5), que não pretende ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir as tarifas impostas aos produtos brasileiros. No entanto, disse que fará contato para convidá-lo à COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).
“Eu não vou ligar para o Trump para conversar nada porque ele não quer falar. Mas eu vou convidar para a COP30, para saber o que ele pensa da questão climática”, disse Lula, durante a 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, em Brasília.
Trump impõe tarifa de 50% e critica o Pix
No início de julho, o governo dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Posteriormente, Trump assinou uma ordem executiva que entra em vigor nesta quarta-feira (6), com exclusão de cerca de 700 produtos.
Entre os argumentos, os EUA alegam que o Brasil adota práticas comerciais “injustas”, citando o sistema de pagamentos Pix. Lula reagiu:
“Não podemos ser penalizados por desenvolver um sistema gratuito e eficiente. O Pix é um patrimônio nacional”, declarou.
“Gostaria que o Trump testasse o Pix nos EUA. O problema é que, se o Pix dominar, os cartões de crédito desaparecem. É isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil.”
Brasil recorrerá à OMC e prepara plano emergencial
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil apresentará resposta formal aos EUA no próximo dia 18 de agosto. O governo também está elaborando um plano de contingência para mitigar os impactos econômicos e sociais das tarifas.
Lula garantiu que a administração federal não permitirá que trabalhadores e empresas sejam prejudicados, e que recorrerá a todas as medidas cabíveis na Organização Mundial do Comércio (OMC).
“O dia 30 de julho de 2025 passará para a história como um marco lastimável. Nossa democracia está sendo questionada, nossa soberania está sendo atacada, nossa economia está sendo agredida”, disse Lula, ao lembrar que nenhuma outra tarifa dos EUA foi acompanhada de ingerência política.
Produtores de frutas pedem adiamento das tarifas
Durante o evento, Priscila Nasrallah, da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), alertou sobre as perdas que os pequenos produtores rurais podem sofrer.
“As frutas perecíveis estão no pé, prontas para colheita. Pedimos que as tarifas sejam postergadas para evitar prejuízos”, afirmou.
Ela lembrou que, em 2024, o Brasil exportou 77 mil toneladas de frutas para os EUA, incluindo manga, uva, melão, mamão e papaia.
Sindicatos temem perda de empregos
Clemente Ganz, do Fórum das Centrais Sindicais, defendeu medidas para proteger os trabalhadores. As entidades enviaram propostas ao governo e articulam ações com sindicatos dos EUA, Canadá, Europa e México.
“É hora de investir no diálogo social. Precisamos fortalecer inovação, investimento, emprego e produtividade”, disse.
Lula promete acordo Mercosul-União Europeia ainda este ano
Lula também reafirmou que o Brasil pretende fechar o acordo Mercosul-União Europeia até o fim de 2025, e criticou o comportamento da UE diante da política externa americana.
“Assinar conosco será uma glória. Apresentamos propostas com respeito e cidadania”, concluiu.
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