Pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), desde 1994 o dia 05 de outubro foi proclamado como o Dia Mundial dos Professores.

No Brasil é comemorado em 15 de outubro, cuja inspiração se deu por um professor paulista chamado Salomão Becker, que, em 1947, sugeriu que um encontro de educadores fosse intitulado “Dia do Professor”, esta foi a primeira homenagem e comemoração de um dia efetivamente dedicado a esses profissionais tão essenciais.

Quando penso no Dia dos Professores, minha memória me leva direto para a Escola Municipal Alfredo Linhares, no bairro do São José, Zona Leste de Manaus. Foi ali que vivi parte da minha infância, cercada de amigos, sonhos e grandes mestres. O tempo passou, mas ainda consigo lembrar com nitidez do portão, dos corredores bem cuidados e da sensação de segurança que aquela escola nos transmitia.

A diretora, professora Marilza, era o símbolo da disciplina, rigorosa, atenta, sempre presente. Na época, achávamos aquilo tudo exigente demais, mas hoje entendo o quanto sua firmeza foi importante para o nosso crescimento. Sob sua direção, a escola era impecável, limpa, organizada e viva. Mesmo sendo pública, funcionava com excelência e havia ali um orgulho coletivo de fazer parte daquele espaço.

E como esquecer dos professores? Wilma, Myrtes, Francielna, Diva, Manoel, Áurea, Nívea, Adba e outros que, por falha da memoria, talvez eu tenha esquecido os nomes, mas não os rostos e as lições, cada um marcou minha trajetória de um jeito único.

A professora Diva, de português, foi quem nos ensinou o poder das palavras. Tinha uma forma firme de corrigir e um amor imenso em ensinar. No nosso último dia de aula, fez um discurso tão bonito que emocionou toda a turma, lembro de lágrimas escorrendo em silêncio, de um misto de alegria e despedida. Foi um dos momentos mais intensos da minha vida escolar.

O professor Manoel, era daqueles que transformavam fórmulas em curiosidade, fazia da ciência uma aventura e nos fazia acreditar que tudo tinha uma explicação possível. Ele faleceu durante a pandemia da Covid-19 e sua perda deixou um vazio de presença e de conhecimento. Ainda hoje penso com carinho nas suas aulas e no entusiasmo com que nos ensinava.

A professora Áurea, de matemática, tinha um método próprio, ela nos chamava pelo número da chamada e quase sempre, antes de começar a lição, pedia que um aluno lesse um salmo. Era um momento de paz antes dos números, uma forma delicada de nos ensinar que fé e conhecimento também podiam caminhar juntos. Ela foi, sem dúvida, uma das melhores professoras que já tive, firme, justa e incrivelmente didática.

A professora Nívea, de inglês, trazia leveza, tinha um jeito jovem, sorridente, que nos fazia perder o medo de falar errado. Suas aulas eram cheias de vida e sua dedicação por ensinar fazia a diferença.

E havia ainda Wilma, Francielna, Abda sempre pacientes, acolhedoras, o tipo de professora que acreditava em cada estudante, mesmo naqueles que duvidavam de si.

Hoje, adulta, entendo que cada um deles me ensinou muito além das matérias. Aprendi com eles o valor da disciplina, da persistência e da empatia.

Naquela época, eu não imaginava que anos depois guardaria tanta saudade das vozes, dos olhares, das broncas e que lembraria com muita gratidão de todo o conhecimento adquirido naquele momento.

Ser professor é um ato de fé, de coragem, requer dedicação e amor ao ofício. É acreditar que cada semente lançada um dia florescerá. É insistir em ensinar, mesmo quando o mundo parece desaprender a valorizar o conhecimento.

Os professores são a base silenciosa de toda sociedade, constroem o futuro a partir de cada criança que aprendem a sonhar, posso definir o Dia dos Professores como um dia de memória e gratidão, por cada lição, por cada palavra de incentivo, por cada gesto de paciência.

Aos meus mestres já citados e a minha eterna diretora Marilza, deixo aqui o mais sincero reconhecimento, em seus nomes estendo a homenagem a todos os professores que passaram pela escola Alfredo Linhares, bem como a todos os professores do Estado do Amazonas e do Brasil.

A escola e a faculdade foram os lugares onde aprendi não apenas o conteúdo dos livros, mas também o valor da vida e se hoje sigo acreditando na educação como caminho de transformação é porque um dia tive professores que acreditaram em mim.

Feliz dia, queridos mestres!

Roseane Torres Lima

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