O Centro Cultural Ogum Beira-Mar e Cabocla Mariana transformou-se, no último sábado de outubro, em um espaço de encantaria para receber a Intervenção Artística do Projeto Metamorfos, idealizado pelo artista parintinense Ronan Macêdo.
A ação marcou o encerramento do projeto, realizado com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, Conselho Estadual de Cultura, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Governo Federal, por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
O Metamorfos percorreu escolas e comunidades levando arte, educação e ancestralidade a diferentes públicos.
O Metamorfos nasceu com o propósito de apresentar os seres encantados da Amazônia por meio de esculturas produzidas manualmente com a técnica de modelagem em biscuit. As obras foram inspiradas nas vivências do artista dentro da Umbanda e nas tradições espirituais afro-ameríndias da região.
“O Metamorfos levou exposições interativas para escolas de Parintins, chegou à universidade, visitou comunidades rurais e despertou o olhar sensível para nossa ancestralidade. Chegar a essa etapa é gratificante, pois alcançamos nosso objetivo e mostramos o quanto um projeto dessa magnitude pode ir além”, destacou Ronan Macêdo.
Celebração e encantaria
O encerramento reuniu representantes da Umbanda, Candomblé, artistas locais, pesquisadores, escolas da rede pública, compositores do Festival de Parintins e membros da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. A comunidade surda também participou, reforçando o caráter inclusivo da ação.
A poetisa Vitória Ramos apresentou o poema autoral “Metamorfos e sua encantaria”, enquanto o grupo percussivo Curimba de Mariana, formado por crianças, trouxe a força dos tambores em louvação aos encantados.
Performances infantis deram vida a personagens como Cabocla Mariana, Seu Boto, Sereia e Senhora Boiuna, transformando a intervenção em um espetáculo de cores, ritmos e espiritualidade.
“O olhar sensível do artista se revela em cada peça e em cada momento vivido”, avaliou o jornalista e compositor do Boi Caprichoso, Gerlean Brasil, ao destacar a riqueza de detalhes do projeto.

Trajetória e impacto
O Metamorfos começou com uma roda de conversa na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), reunindo artistas, pesquisadores e representantes de tradições religiosas. Em seguida, promoveu exposições interativas em escolas e comunidades rurais, como a Escola Municipal Santa Terezinha do Aninga e a Escola São Sebastião, na Comunidade do Máximo.
Durante as atividades, crianças e jovens conheceram o universo da encantaria amazônica, compreendendo-a não como folclore, mas como expressão viva da ancestralidade e resistência cultural do povo da Amazônia.
“Muita gente ainda olha para a encantaria com preconceito. No Metamorfos, mostramos que ela é conhecimento, memória e identidade do povo amazônico”, ressaltou Roberlan.
Encerramento e legado

Com a Intervenção Artística em Parintins, o Metamorfos concluiu seu ciclo de ações, deixando um legado de sensibilidade, pertencimento e respeito às tradições da floresta.
“Quando falamos da encantaria, falamos da alma da Amazônia. O Metamorfos é um convite para sentir, aprender e respeitar a magia que vive em nossas águas, florestas e histórias”, concluiu Roberlan.
O público pode acompanhar as atividades e registros do projeto no Instagram @metamorfos.pin.
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