O Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM) instaurou o Processo nº 14422/2017, com base na Representação nº 266/2017-MPC-RMAM-AMBIENTAL, para investigar irregularidades na gestão do saneamento básico em Humaitá (AM). A apuração busca identificar possíveis falhas administrativas e ambientais relacionadas à ausência de políticas e ações voltadas ao esgotamento sanitário no município.

De acordo com o órgão, há indícios de omissão da Prefeitura de Humaitá e do então prefeito José Cidenei Lobo do Nascimento na implantação e fiscalização dos sistemas de esgoto, o que pode ter resultado no descarte irregular de efluentes não tratados em rios e no solo da região.

FONTE: Diário Oficial TCE-AM
FONTE: Diário Oficial TCE-AM

Investigação com alcance regional

O processo não se limita à atuação do poder municipal. O MPC-AM também incluiu como interessados a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgãos estaduais responsáveis pelo controle e licenciamento ambiental.

O objetivo é compreender até que ponto a fiscalização estadual acompanhou as condições de saneamento no município, reforçando que o problema ultrapassa os limites administrativos de Humaitá.
O procurador Ruy Marcelo Alencar de Mendonça é o responsável pelo acompanhamento do caso e pela análise das informações apresentadas pelos entes públicos envolvidos.

Fundamentos da apuração

A representação foi instaurada com base na Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007), que determina as diretrizes para coleta, tratamento e destinação adequada dos efluentes.
O MPC pretende verificar se houve descumprimento dessas normas, o que poderia configurar falhas graves na prestação de serviços públicos essenciais à população de Humaitá.

Além da responsabilidade administrativa, o órgão avalia também impactos ambientais decorrentes da ausência de infraestrutura adequada — como a contaminação de mananciais e a degradação do solo.

Deficiências estruturais e riscos ambientais

Segundo dados nacionais de saneamento, boa parte dos municípios brasileiros ainda sofre com déficit na coleta e tratamento de esgoto, especialmente nas regiões amazônicas, onde o acesso à infraestrutura é limitado. Esse cenário favorece o lançamento direto de resíduos domésticos em rios e amplia os riscos de poluição e doenças de veiculação hídrica.

Em Humaitá, o MPC-AM busca compreender a extensão do problema e avaliar se a Prefeitura adotou medidas concretas para regularizar e modernizar o sistema de esgotamento sanitário, como exige a legislação.

Tramitação e próximos passos

O Processo nº 14422/2017 segue em fase de análise documental, com o exame de relatórios, licenças e dados técnicos enviados pelos órgãos competentes.
O resultado da investigação deverá apontar responsáveis pelas omissões detectadas e apresentar recomendações ou medidas corretivas para garantir a oferta adequada de saneamento básico e evitar novos danos ambientais na região sul do Amazonas.

O caso reforça a importância da fiscalização contínua e do cumprimento das políticas públicas ambientais, especialmente em áreas onde a infraestrutura urbana ainda representa um desafio para o desenvolvimento sustentável.