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O AVC — Acidente Vascular Cerebral, ou “derrame” — anda aparecendo mais que convite de aniversário infantil. Só em 2024, foram cerca de 85 mil mortes, e 2025 já soma mais de 64 mil até outubro. Os números vêm oscilando, mas permanecem altos, mantendo o AVC entre as principais causas de morte no Brasil. Moral da história: ele não dá trégua.

Vamos conhecer os dois tipos de AVC.

O AVC acontece quando o cérebro deixa de receber sangue. E cérebro sem sangue é tipo celular sem bateria: dá pane.

  1. AVC isquêmico (80–85%)
    Quando o vaso entope. Pode ser trombose (entupimento local) ou embolia (coágulo vindo de outro canto do corpo).
  2. AVC hemorrágico (15–20%)
    Quando o vaso rompe e ocorre sangramento. É menos comum, porém mais grave e com maior mortalidade.

Nos dois casos, uma parte do cérebro fica sem oxigênio — e o cérebro é rancoroso: o que morre, não volta tão fácil.

Por que os casos aumentam?

Um mix explosivo de:

  • População vivendo mais (quanto mais velho, maior a probabilidade);
  • Estilo de vida moderno (também conhecido como: sedentarismo, alimentos ultraprocessados, estresse, noites mal dormidas, álcool e cigarro);
  • Doenças crônicas pouco controladas (já percebeu como ficou comum ver pessoas com hipertensão e/ou diabetes?).

A “boa notícia” (se é que existe) é que as taxas ajustadas por idade melhoraram. A má é que o número absoluto continua enorme porque estamos envelhecendo… e não exatamente no modo saudável. Apesar de ter virado moda ser idoso fitness, a grande maioria ainda é à moda antiga.

Quem tem mais risco?

Prepare-se para o espelho:

  • Pressão alta (o vilão nº 1);
  • Diabetes;
  • Colesterol e triglicerídeos altos;
  • Obesidade, principalmente abdominal;
  • Sedentarismo;
  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Arritmias, como fibrilação atrial;
  • Histórico familiar.

E sim, jovens também têm AVC. A vida desregrada cobra boleto.

Como perceber que alguém está tendo um AVC?

Aqui não tem “vamos ver se melhora”. Tem agir.

Use o teste básico:

  • Rosto: pediu para sorrir e um lado não subiu?
  • Braços: pediu para levantar e um não sobe?
  • Fala: ficou enrolada, arrastada ou incoerente?
  • Tempo: deu errado em qualquer item → emergência.

Outros sinais: perda de visão, formigamento, fraqueza súbita, tontura forte, descoordenação, dor de cabeça muito intensa (especialmente em casos hemorrágicos).

O que fazer na hora?

  1. Ligar 192 imediatamente.
  2. Anotar o horário do início dos sintomas.
  3. Nada de comida, água, remédio ou álcool “para acalmar”.
  4. Não deixar a pessoa dirigir.

A medicação que pode reverter

O que pouca gente sabe é que para AVC isquêmico (a grande maioria dos casos, lembra?), existe a trombólise, um remédio que dissolve o coágulo. Mas só funciona se feito nas primeiras 4 horas (ideal até 4h30). Ou seja: relógio correndo = neurônio morrendo. Sentiu um dos sintomas e achou suspeito, corra imediatamente para o hospital. A chance de reversão é quase total se a medicação for aplicada dentro do horário recomendado.

E depois?

Reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia, controle rígido da pressão, açúcar, colesterol, peso, sono, estresse… e aquela difícil arte de mudar hábitos.

Agora a pergunta que dói mais que cirurgia sem anestesia:

Se o seu cérebro pudesse te mandar uma mensagem hoje… ele te agradeceria ou pediria socorro?

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