A defesa da médica Juliana Brasil afirma que ela reconheceu erro “no calor do momento” após a morte de Benício Xavier, de 6 anos, e sustenta que a prescrição de adrenalina intravenosa registrada no prontuário foi causada por uma falha do sistema do Hospital Santa Júlia.
Os advogados apresentaram um vídeo que, segundo eles, mostra problemas na plataforma de prescrição usada pela unidade. A defesa diz que Juliana registrou adrenalina por via inalatória, mas o sistema teria alterado automaticamente para a via intravenosa durante o atendimento, em meio a instabilidades no hospital.
O advogado Felipe Braga afirma que “o próprio sistema pode entender que está incorreta e alterá-la automaticamente”, e que outros profissionais já relataram situações semelhantes. Ele diz que a via intravenosa registrada seria resultado dessa falha e não de negligência.
A defesa também afirma que falhas estruturais contribuíram para o agravamento do quadro da criança. O hospital informou que não vai se manifestar.
Juliana afirma que a técnica de enfermagem aplicou a adrenalina na veia da criança, apesar de a médica ter informado à mãe que o uso seria por via inalatória. A defesa relata que Juliana só soube da aplicação quando foi chamada à sala de medicação.
Segundo Braga, a médica pediu apoio, levou o menino para a sala vermelha e permaneceu com ele até a transferência para a UTI. Benício foi monitorado, recebeu atendimento imediato e seguiu consciente até ser levado para a unidade intensiva.
Na UTI, ele foi intubado após tentativas iniciadas às 23h. O quadro piorou durante o procedimento, e o menino sofreu seis paradas cardíacas até a constatação da morte cerebral. A equipe utilizou mais de 40 ampolas de adrenalina intravenosa durante as manobras de reanimação, conforme protocolo.
A defesa afirma que a própria Juliana relatou erro porque acreditava ter prescrito a medicação incorretamente, mas rebate que isso represente admissão de culpa: “Ela expressa aquilo no calor do momento”. Braga diz que “falar em dolo é um absurdo jurídico” e defende que o caso envolve múltiplas falhas.
O processo ético no CREMAM já foi aberto, e o hospital afastou a médica e a técnica de enfermagem. A Polícia Civil investiga o caso como homicídio doloso qualificado e analisa a hipótese de falha do sistema. O delegado Marcelo Martins afirma que essa linha de investigação está em curso: “Isso também está sendo investigado”.
A polícia ouviu novos depoimentos e marcou uma acareação entre a médica e a técnica de enfermagem.
Benício chegou ao hospital no dia 22 de novembro com suspeita de laringite. A família afirma que ele recebeu três doses de adrenalina intravenosa a cada 30 minutos. O menino piorou rapidamente, foi levado para a sala vermelha e depois para a UTI, onde morreu às 2h55 do dia 23 de novembro.
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