A imprensa internacional destaca neste domingo (2) a magnitude das eleições brasileiras e suas possíveis consequências para a democracia do país e da América Latina.
O diário francês Le Monde descreve a disputa entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva como um “duelo de Titãs”, afirmando que o pleito opõe “as duas maiores figuras políticas do país”.
“Um duelo tão histórico quanto perigoso, em um país polarizado e eletrificado como nunca antes,” nota o correspondente do jornal no Rio. “Entre Bolsonaro e Lula, a escolha decisiva sob tensão.”
Segundo o americano Washington Post, “após anos de expectativa, a votação se resume a uma decisão entre gigantes políticos messiânicos com enormes seguidores que são alvos de desconfiança – e desdém – de grandes porções do eleitorado. Cada um carrega uma bagagem extraordinária.”
É a primeira vez na história do país que um presidente enfrenta um ex-ocupante do Planalto.
Em Portugal, maior colégio eleitoral no exterior, o Diário de Notícias descreve a eleição como uma disputa entre “a metamorfose ambulante e o Trump dos trópicos”. A reportagem do diário português diz que Lula havia usado a canção de Raúl Seixas para se referir à sua trajetória de vida, de origens humildes no sertão de Pernambuco a líder operário no ABC paulista, culminando com a Presidência em Brasília.
O espanhol El País afirma que, se vencer as eleições, Lula retornará ao poder “pela porta da frente”.
O argentino Clarín afirma que a votação é “histórica” e “concentra o olhar de toda a região.” Um dos destaques é a sinalização de Lula de um “interesse por retomar a liderança sul-americana, onde algumas economias estão sucumbindo, entre elas a da Argentina.”
O também argentina La Nación traz uma análise de Ines Capdevila, que observa “o fenômeno da repetição de líderes e ideias” em eleições tanto no Brasil quanto na Argentina. Segundo Capdevila, essa ideia “se baseia e ao mesmo tempo alimenta o personalismo e a polarização que a Argentina pratica há alguns anos mais do que seu vizinho.” Em ambos os países, muitos eleitores estão votando contra um candidato, não necessariamente por um deles.
Riscos de violência e desordem
Reportagens publicadas neste domingo e ao longo da semana alertaram para o risco de desordem após às eleições, motivadas pelas ameaças de Bolsonaro às instituições democráticas caso o resultado não lhe seja favorável.
Uma análise publicada no New York Times no dia 28 de setembro ressalta o papel das polícias militares em restaurar a ordem nesses casos. “Se o presidente do Brasil tentar um golpe, o que a polícia vai fazer?” questiona a reportagem. O texto observa, entretanto, que apesar de manter “relações amigáveis” com os militares, Bolsonaro “parece não ter o apoio institucional de que ele necessitaria para dar um golpe.”
Já o diário britânico Guardian ecoa neste domingo temores de que uma derrota do presidente leve seguidores exaltados a atentar contra instituições da república, como o Congresso e o STF. Segundo o jornal, “temores de que uma disputa de segundo turno resulte em semanas de turbulência e violência.”
*Com informações da BBC Brasil
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