Manaus (AM) – Manaus é uma das cidades mais exuberantes do Brasil. Apresenta aos visitantes um dos cenários mais ricos em beleza material e imaterial, que se destaca por sua multiculturalidade e ancestralidade. Nesta segunda-feira (24), essa riqueza natural tão rica e invejada pelo mundo inteiro, com a maior bacia de água doce distribuída por vários rios e igarapés, completa 353 anos de história.
Em relação ao turismo da capital amazonense, o Em Tempo falou com especialistas para saber o que pode ser explorado na cidade que fica no coração da Floresta Amazônica. Houve destaque para a valorização dos monumentos históricos e imateriais, além de reforço do significado do ecoturismo.
Valorizando o turismo local
Especialista afirma que a capital amazonense precisa estimular a valorização do turismo e do ecoturismo local, com o objetivo de conscientizar as futuras gerações a abraçar essa ideia juntamente com o poder público. A professora e doutora do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Kalina Benevides, sugere que a valorização destes se dá pela educação primária, uma vez que o Estado do Amazonas tem uma vocação natural para o ecoturismo.
“O poder público deveria investir não só em campanhas, mas em estrutura, infraestrutura e fomento. Porque, com a quantidade de elementos culturais e ambientais que nós temos, temos uma vocação natural para o ecoturismo. A partir disso, nós teremos maior conservação da nossa cultura, dos nossos polos originários das comunidades locais e ribeirinhas e com isso, toda essa cadeia é beneficiada”,
explica a doutora em planejamento do turismo.
Embora o incentivo cultural tenha crescido ultimamente, a professora destaca que o principal ponto de interesse para a valorização do turismo e ecoturismo na capital amazonense é o reconhecimento e investimento. Sendo assim, ribeirinhos que sobrevivem da cultura local, pela produção de artesanatos, produtos orgânicos e endêmicos seriam beneficiados e valorizados.
“É preciso envolver todos aqueles que poderiam se beneficiar economicamente, principalmente ribeirinhos e comunidades adjacentes. A partir do modelo do ecoturismo, nós teríamos um desenvolvimento no interior e teríamos muito mais desenvolvimento econômico, que a gente sabe que ele propicia o desenvolvimento social e este, propicia a proteção ambiental. Inclusive, algumas atividades extrativistas com produtos endêmicos da nossa região já é uma estratégia de ecoturismo”,
detalha a professora.
Mas afinal, o que é o ecoturismo?
De acordo com Kalina, o ecoturismo é uma das ferramentas dentro do turismo realizado na natureza, onde o principal objetivo é promover uma atividade com baixíssimo impacto social e ambiental. Em contrapartida, com o envolvimento das comunidades que recebem de forma a viabilizar estratégias econômicas que as beneficiem nesse tipo de atividades, dentro do ecoturismo há o tripé da sustentabilidade, caracterizado pelo baixo impacto social, ambiental e equidade econômica.
Ainda segundo a especialista, o ecoturismo é importante em todos os aspectos culturais. Quando visitantes chegam à cidade para conhecer os pontos turísticos e se deparam com a grandeza dos monumentos materiais e, principalmente, os imateriais, que são as florestas e rios, estes tendem a voltar. E se houver “souvenir” para levarem como lembrança, é melhor ainda para os artesãos que sobrevivem desse tipo de atividade sustentável.
“Os souvenirs, geralmente, acabam sendo onerosos, principalmente pela baixa saída deles. Então, como são produtos artesanais que demoram para serem produzidos com produtos da natureza, eles custam mais caros por não terem uma saída volumosa, como é a produção de elemento industrial. Aí eles precisam de um “atravessador”, que são os donos de flutuantes, embarcações e lojas. Estes, vendem mais caro para tirar o seu lucro e é nessa parte que se conclui que as lembranças saem onerosas, mas é bom para os artesãos”,
relata Benevides.
Quanto aos hotéis de selva e balneários locais considerados de ecoturismo, a doutora em planejamento turístico explica que o termo não é adequado. “É um equívoco dizer isso, porque de fato, esses hotéis e balneários deveriam ser vistos como locais de natureza (porque estão dentro da natureza), porque o atrativo deles é o rio, o hotel que tem uma decoração rústica, alimentação muito própria do lugar. É mais uma moeda de marketing. Mas existem alguns hotéis que esbarram próximo do tripé da sustentabilidade, poucos eu diria”, informa.
Para a especialista, para que os hotéis sejam considerados locais de ecoturismo, eles precisam ter uma gestão sustentável de seus resíduos além de uma série de estratégias para as populações que estão localizadas no entorno do ambiente. “Um exemplo, eles deveriam ter responsabilidade de baixo impacto na construção do hotel, absolver a mão-de-obra local. Então, todos esses elementos os adequariam às atividades do ecoturismo”, afirma.
Monumentos históricos que podem ser visitados
Para celebrar o aniversário de Manaus, a Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur) preparou um roteiro com muita arte e cultura pelas ruas da capital, com entrada gratuita para os amazonenses.
Alguns pontos turísticos poderão ser visitados com mais frequência no aniversário de Manaus. Entre eles, o imponente, majestoso e deslumbrante Teatro Amazonas. Inaugurado em 1896 e situado no Largo de São Sebastião, o Teatro é o principal cartão-postal da cidade. Chama atenção por suas cores brasileiras na cúpula e pelo seu interior luxuoso, herança dos tempos áureos da “Belle Epóque” que encanta os visitantes ao longo do ano.
O Teatro funciona de terça a sábado, das 9h às 17h. Todas as visitas ao local são guiadas, sendo o valor de entrada é R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) para turistas. Para os amazonenses, a entrada é gratuita, bastando apresentar um documento oficial de identificação.
Em comemoração à data, o Largo de São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas, localizado no Centro, haverá a mostra coletiva “Sonhos de uma Belle Époque”, que traz fotografias da arquitetura icônica da capital, registradas pelas lentes de profissionais renomados, neste domingo (23).
Participam da mostra 15 fotógrafos que se destacam no campo das artes visuais: Adriana de Lima, Alex Pazuello, Ana Cláudia Jatahy, Carlos Navarro, Claudia Higuchi, Gedeon Santos, Gisele Alfaia, Jorge Hérran, Jorge Santos, Lula Sampaio, Mariana Rebouças, Michael Dantas, Michell Mello, Pedro Marinho e Selma Carvalho.
Conforme o secretário de Cultura e Economia Criativa em exercício, Candido Jeremias, a exposição comemorativa ao aniversário de Manaus revela a memória de uma paisagem urbana única.
“Monumentos e edificações que identificam a cidade de Manaus, como o Mercado Adolpho Lisboa, Relógio Municipal, prédio da Alfândega, Chafariz das Musas e o coreto da praça Heliodoro Balbi, estão na exposição que faz um resgate da cultura amazonense e valoriza a obra de fotógrafos que elevam o nome do estado nas artes visuais”,
argumenta Candido.
Turismo em meio à natureza
O Encontro da Águas é um dos locais mais visitados por turistas em pequenas embarcações. O famoso encontro das águas acontece quando as águas escuras do Rio Negro se encontram com as barrentas do Solimões e não se misturam num percurso de 6 quilômetros de distância. A visitação é realizada por agências de turismo regional, geralmente com pacote de visitação à aldeias indígenas, vitória-régias, pesca do pirarucu em comunidades flutuantes e restaurantes.
O Museu da Amazônia (Musa) também irá funcionar normalmente. O museu recebe mais de 50 mil pessoas por ano, que buscam experiências com a natureza. As visitas podem ser guiadas ou não.
Para ver o sol nascer na torre, o valor é R$ 50 por pessoa. Para fazer trilha noturna, R$ 100 por pessoa e para visita normal sem guia, o valor é R$ 30 por pessoa.
Já o Centro Cultural dos Povos da Amazônia, contém um rico e vasto espaço dedicado à cultura amazônida. O complexo conta com biblioteca, exposições temporárias e permanentes, mas o destaque é o Museu do Homem do Norte.
O museu conta com quatro ambientes: a Sala dos Estados, com exposições sobre as sete unidades federativas que compõem o Norte do Brasil; a Sala dos Rituais que, por meio de objetos arqueológicos, mostra os diferentes rituais dos povos originários; a Sala da Cultura Cabocla, que apresenta o ciclo da borracha e as lendas da região; e a Sala de Cinema Silvino Santos que exibe filmes voltados para a história do caboclo
O Centro Cultural Povos da Amazônia está localizado na avenida Silves, 2.222, antiga Bola da Suframa, e funciona de terça a domingo, das 9h às 15h. A entrada é gratuita.
Temos também o Palacete Provincial, prédio fundado em 1874 e que atualmente abriga cinco museus diferentes: Museu da Imagem e do Som, Museu de Arqueologia, Museu de Numismática do Amazonas, Museu Tiradentes e a Pinacoteca do Estado. Por conter diversas exposições, o espaço cultural é um prato cheio para seus visitantes.
Está localizado na Praça Heliodoro Balbi, s/nº, Centro, e funciona de terça a sábado, das 9h às 17h. A entrada também é gratuita.
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