Brasília (DF) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a primeira reunião com reitores de universidades e institutos federais, nesta quinta-feira (19), no Palácio do Planalto, para criticar a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Educação.
O presidente cumpriu promessa de campanha e convidou os docentes no primeiro mês de governo. Lula reforçou que encontros como este foram suspensos na gestão de seu antecessor.
“Estamos começando um novo momento. Eu sei do obscurantismo que vocês viveram nesses últimos quatro anos. E eu quero dizer que estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”,
declarou aos reitores.
A reunião no Planalto contou com a participação de cerca de 100 reitores de universidades e institutos federais de educação. Participaram ainda os ministros Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macedo (Secretaria-geral da Presidência), Camilo Santana (Educação) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).
O presidente disse que vai nomear para reitor os docentes escolhidos pelas universidades federais. A postura vai representar uma inflexão com relação ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que adotou política aberta de nomear dirigentes alinhados ideologicamente.
“Não pensem que o Lula vai escolher o reitor que ele gosta. Quem tem de gostar do reitor são os professores da universidade, são os funcionários das universidades, é a comunidade universitária que tem de saber quem pode administrar a universidade”,
disse Lula, que garantiu o respeito da vontade da comunidade e prometeu encontro anual com reitores.
Lula lembrou que, na sua primeira gestão, ele e o então ministro da Educação (e atual titular da Fazenda), Fernando Haddad, criaram o hábito de se reunirem com os representantes das universidades pelo menos uma vez por ano para ouvir reivindicações e debater projetos.
Bolsonaro quebrou, em sua gestão, uma tradição de nomear o primeiro colocado de uma lista tríplice produzida pelas universidades após consulta à comunidade. O ex-presidente desconsiderou o mais votado em ao menos 40% das nomeações para reitor, segundo balanço feito até 2021.
A quantidade de vezes que Bolsonaro desconsiderou o mais votado e as motivações políticas e ideológicas por trás dessas escolhas levaram docentes a apontar um ataque ao princípio constitucional da autonomia universitária. Na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), por exemplo, a escolha de Carlos Bulhões, o 3º colocado, foi anunciada com antecedência pelo deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS), explicitando a interferência política.
Na abertura do encontro, Lula disse que a reunião com os reitores era um “encontro com a civilização” e cutucou Bolsonaro por não ter recebido os dirigentes.
“Vocês precisam saber que encontro com vocês é encontro da civilização. Eu nunca consegui compreender qual era a dificuldade que o presidente da República tinha para se encontrar com reitores uma vez por ano. Não conheço na história presidente que [não] tenha recebido conjunto de reitores e a única explicação era medo que vocês iriam fazer reivindicações”,
afirmou.
Camilo Santana, ministro da Educação, lamentou do que chamou de “desmonte” da educação e já admitiu que algumas metas não poderão ser batidas.
“Temos de olhar a educação de uma forma sistêmica, desde a creche à pós-graduação. Apenas um terço das crianças brasileiras aprende a ler e escrever na idade certa, isso compromete todo o ciclo”,
declarou.
Segundo reitores presentes, reuniões gerais com os reitores federais não ocorrem “há muitos anos”, sem registro de que tenha havido alguma durante o governo Bolsonaro.
“As universidades foram maltratadas, detratadas, esganadas orçamentalmente. Fomos colocados como alvo, e pior: fomos alijados do nosso papel principal, que é estar a serviço do Brasil, dos projetos de desenvolvimento nacional”,
disse o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Ricardo Fonseca, reitor da UFPR, que fez a fala de abertura.
*Com informações do Uol e Folhapress
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