Após reunião na Jordânia neste domingo (26), representantes palestinos e israelenses se comprometeram a “evitar novos atos de violência” e buscar formas de acalmar a situação, depois de muitos dias sangrentos na região.
Com “discussões profundas e francas”, os participantes da reunião na cidade de Aqaba, “reafirmaram a necessidade de se comprometer com uma distensão no terreno e evitar novos atos de violência”, diz o documento final, que contém oito pontos.
A reunião buscava “reforçar a confiança” entre Israel e os palestinos, assim como restabelecer a calma na região, afirmou uma fonte do governo jordaniano à AFP sob a condição de anonimato. Há um ano, o exército israelense multiplica suas incursões no norte da Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel em 1967, reduto de grupos palestinos armados.
Na quarta-feira, forças israelenses mataram 11 palestinos e feriram a tiros mais de 80 pessoas em uma operação em Nablus (norte), segundo o ministério da Saúde palestino. Trata-se do balanço mais mortal desde 2005. A reunião na Jordânia é a primeira do tipo realizada em vários anos. Participaram do encontro altos funcionários jordanianos, egípcios, palestinos e americanos, segundo o comunicado.
Ao final das discussões, o governo israelense e a Autoridade Nacional Palestina “confirmaram sua vontade e seu compromisso conjunto” de deter a tomada de medidas unilaterais por um período de 3 a 6 meses.
O acordo inclui um compromisso por parte de Israel de deixar de debater o estabelecimento de novos assentamentos durante quatro meses e de não legalizar os chamados assentamentos “selvagens” (sem autorização do governo) durante seis meses, segundo o texto.
“Confiança mútua”
No comunicado, os participantes também acordaram ajudar as duas partes a “estabelecer uma confiança mútua” para que se possa produzir um “diálogo direto”.
As partes palestinas e israelenses “vão trabalhar de boa fé para assumir suas responsabilidades”, acrescenta o documento.
Em um comunicado, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, saudou com satisfação o encontro, mas acrescentou que “ainda há muito trabalho a fazer nas próximas semanas e meses para construir um futuro estável e próspero para israelenses e palestinos por igual”.
Os participantes vão voltar a se reunir na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh em março. Entre eles estavam o chefe dos serviços de inteligência palestinos, Majed Faraj, o chefe do serviço de inteligência interior israelense (Shin Beth), Ronen Bar, e o coordenador do Conselho Nacional de Segurança americano para o Oriente Médio, Brett McGurk.
O rei Abdullah II, da Jordânia, destacou a McGurk “a importância de intensificar os esforços a favor da calma e da distensão”, segundo o Palácio Real.
Os diálogos coincidem com um momento de forte tensão. Enquanto a reunião acontecia, dois israelenses morreram em um “atentado” palestino no norte da Cisjordânia, segundo um comunicado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
“A decisão de participar da reunião de Aqaba, apesar da dor e dos massacres sofridos pelo povo palestino, vem de uma vontade de pôr fim ao derramamento de sangue”, informou o partido Fatah, do presidente palestino, Mahmud Abbas, pelo Twitter.
Outras facções palestinas, como o grupo islamita Hamas, denunciaram a participação da Autoridade Palestina no encontro.
“Ruptura com o consenso”
Em nota, o grupo islamita que governa a Faixa de Gaza considerou “o encontro com os sionistas uma ruptura com o consenso nacional palestino, um desprezo pelo sangue dos mártires, uma tentativa declarada de dissimular os crimes da ocupação”.
A incursão de quarta-feira em Nablus foi a última de uma série de intervenções sangrentas de Israel na Cisjordânia, dois meses depois da posse do novo governo israelense, considerado o mais à direita da história do país, e no qual são numerosos os partidários da linha dura contra os palestinos.
Desde o começo do ano, o conflito custou a vida de 61 palestinos (tanto membros de grupos armados quanto civis, inclusive menores), de dez israelenses (um policial e nove civis, entre os quais três menores) e de uma cidadã ucraniana, segundo contagem feita pela AFP com base em fontes oficiais israelenses e palestinas.
*Com informações da IstoÉ
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