Brasília (DF) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscou na tarde desta segunda-feira (14), conter os danos de sua declaração de que a Câmara estaria com “um poder muito grande”. Diante do mal-estar gerado com os parlamentares, Haddad ligou ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com quem tentou esclarecer a fala, que, segundo o chefe da equipe econômica, não se tratou de uma crítica à atual legislatura.
“As minhas declarações foram tomadas como uma crítica (à atual legislatura). Eu estava falando sobre o fim do presidencialismo de coalizão”
, afirmou Haddad. O ministro falou com jornalistas após tratar do assunto com Lira pelo telefone.
Haddad descreveu a conversa com o presidente da Câmara como “excelente”. Segundo o ministro, Lira indicou que caberia um esclarecimento por parte do chefe da Fazenda, porque, da forma como foi colocada, a declaração poderia soar como uma crítica pessoal. “Falei com Lira, fiz questão de ligar a ele”, complementou Haddad.
Como revelou o Broadcast Político, Lira chegou a cancelar a reunião que ocorreria hoje à noite com o relator do novo arcabouço fiscal, Claudio Cajado (PP-BA), líderes partidários e técnicos da equipe econômica para discutir as mudanças feitas pelo Senado no texto do projeto. De acordo com fontes, as lideranças da Casa ficaram incomodadas com a fala de Haddad.
À imprensa, o ministro da Fazenda voltou a elogiar o Congresso. “Todo esse tempo tudo que tenho feito é dividir com o Congresso, Câmara, o Judiciário, as conquistas do primeiro semestre”, disse Haddad, citando a atuação dos parlamentares em projetos como do novo arcabouço fiscal, a reforma tributária e o projeto que retoma o voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).
Em entrevista concedida ao jornalista Reinaldo Azevedo, exibida hoje, Haddad disse que a Câmara estaria com “um poder muito grande” e que não poderia usá-lo para “humilhar” o Senado e o Executivo. Segundo o ministro, a exposição tinha como contexto os dois primeiros mandatos de Lula, enquanto funcionou o presidencialismo de coalização. Na avaliação de Haddad, o modelo não foi substituído por uma relação institucional mais estável e, portanto, surge a necessidade de se estabelecer um sistema mais harmônico. “Longe de mim criticar a atual legislatura”, disse o ministro.
*Com informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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