Durante o evento “Brasil em foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento sustentável,” promovido, nesta segunda-feira (18), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil tem capacidade para duplicar a produção de energia limpa e exportar produtos verdes com valor agregado. A aposta em economia de baixo carbono para a retomada da industrialização do país também foi endossada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Haddad ressaltou que o país tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e que há possibilidade de expansão com as energias renováveis, como eólica e solar. “O que nós faremos da energia limpa que podemos produzir? Porque nós podemos duplicar essa produção”, disse. “Nós podemos neoindustrializar o país, mas pensando em produzir e exportar produtos verdes. E nós temos toda a condição para isso, de agirmos em outras áreas que estão no nosso radar”, completou o ministro.
O caminho para tornar o país referência em economia verde, segundo o ministro, inclui a modernização dos arcabouços jurídicos da descarbonização – muitos já em tramitação no Congresso Nacional – e atração de investimentos. Haddad relembrou que foi feito, no dia 17/09, um roadshow com investidores e que já há bancos contratados para emissão de green bonds no Brasil. Foram realizadas 36 reuniões que contaram com a participação de cerca de 60 investidores internacionais, incluindo nomes dos Estados Unidos e da Europa. Além disso, o Ministério da Fazenda está prestes a lançar para consulta pública uma taxonomia para estabelecer os critérios que permitam definir um investimento como sustentável. ONGs, investidores e classe política poderão se manifestar antes de ela se tornar uma prática. “Essa taxonomia é fundamental para que o país responda onde queremos investir prioritariamente na transição ecológica “, disse.
Para o ministro, é possível inaugurar um ciclo virtuoso no Brasil de longo prazo, de crescimento robusto da nossa economia.
“Nós temos que compreender que a economia brasileira tem um potencial e que não podemos ser inimigos de nós mesmos numa hora dessa. A gente se entender é a demonstração clara de que a harmonia voltou para o Brasil. E quando falamos em sustentável, não custa repetir: é sustentabilidade social, ambiental e fiscal”,
pontuou.
Contribuição para o mundo
Ao lado de Haddad no painel “Transformação Ecológica e Energética: O Brasil e o Mundo“, a ministra Marina Silva corroborou os argumentos de Haddad e disse que o país tem que colaborar mundialmente. Ela ressaltou que somos o país que reúne as melhores condições para enfrentar a agenda da adaptação, da mitigação e da transformação. E, além disso, há espaço para atração de investimentos.
“Nós somos o país que está trabalhando para fazer e criar novos ideais identificatórios. E, a partir deles, que sejamos economicamente prósperos, socialmente justos, politicamente democráticos, culturalmente diversos e ambientalmente sustentáveis, para contribuir não só com nós mesmos, mas com o mundo.”
Marina ressaltou que já estamos no caminho certo e citou como exemplo a regulamentação do mercado de carbono, projeto que foi retomado no Congresso e que o governo prevê aprovar ainda este ano. “[A proposta é capaz de] Gerar emprego, renda e, ao mesmo tempo, sequestrar carbono e ajudar a criar novas condições para a transição ecológica do planeta”, explicou.
A ministra também citou como exemplo a redução na emissão de cerca de 200 milhões de toneladas de CO₂ nos oito primeiros meses deste ano, evitando o desmatamento de 48% no índice de desmatamento da Amazônia.
Também de olho no cenário internacional, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, afirmou haver uma demanda muito forte por hidrogênio verde. “Na Alemanha, os ministros falam assim: ‘Olha, eu preciso de 20 anos de demanda firme de hidrogênio verde porque eu estou saindo da oferta na Rússia’. Isso é uma demanda firme, você consegue falar com empresários, financiar, e tem uma incerteza a menos. E não está só na teoria. O Chile já fechou contrato. Nós estamos ajudando a financiar o conjunto de grupos que vai produzir hidrogênio verde”, completou.
*Com informações da assessoria
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