Manaus (AM) – A economia de Manaus vem tomando novas proporções nos últimos anos, com investimentos em empreendedorismo, inovação e no setor de economia 4.0. Com um dos mais modernos centros industriais e tecnológicos da América Latina, o Polo Industrial de Manaus (Pim), a capital do Amazonas visa também torna-se, no futuro, uma das cidades com mais empresas focadas na inovação, as startups.
Sem perder de vista a defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM). A cidade que celebra, nesta terça-feira (24), 354 anos, começou a trilhar ainda em 2020 o caminho para a economia de inovação. Inaugurado há 3 anos, o primeiro centro de empreendedorismo e inovação da região Norte, o Casarão da Inovação Cassina conta com laboratórios, salas de desenvolvimento de startups, de treinamento, estações de coworking, auditório e um espaço café no terraço. O local oferece capacitações empreendedoras, oficinas na área da Indústria 4.0 e serve de apoio para startups que buscam se desenvolver em Manaus.
Nesse processo de inovação, neste ano, o prefeito de Manaus, David Almeida, inaugurou o Distrito de Micro e Pequenas Empresas de Manaus (Dimicro), criado por meio da Lei número 1238/2008, o empreendimento, situado no Distrito Industrial 2, na Zona Leste, com 28 galpões e a geração de 400 empregos diretos.
Empresas de inovação
Conforme dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), divulgados em 2021, Manaus concentra 84 startups, sendo os principais segmentos educação, saúde e eventos. A maioria das startups abertas na capital do Amazonas tem dois ou menos anos de fundação é o que mostra o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups.
A pesquisa da Abstartups apresentada, este ano, apontou que 65,4% dessas empresas tem até dois anos e 80,8% tem de 1 a 10 colaboradores. Em relação ao faturamento anual, 61,7% delas tiveram faixa de faturamento de até R$ 30 mil.
Segundo a doutora em economia, Denise Kassama, os investimentos nessas empresas de inovação fazem parte do desenvolvimento econômico de Manaus.
“Diria que a aplicação de tecnologia cabe em qualquer contexto da economia e da sociedade. Diria até que a questão das inovações tecnológicas, ela está dentro de um processo natural de desenvolvimento. Manaus, hoje, conta com 84 startups de segmentos diversos, como educação, saúde, eventos, que é uma quantidade significativa”,
disse.
A especialista aponta que o processo tecnológico tende a democratizar os serviços oferecidos por empresas de Manaus e pode ainda tornar o acesso a produtos mais fácil.
“É importante que venham mais, isso ajuda, são empresas que podem ajudar em segmentos diversos, não só os tradicionais, a gente observa, por exemplo, que o próprio Polo Industrial de Manaus investe bastante, muitas empresas investem bastante em tecnologia, na Indústria 4.0 e outras coisas, você disseminar a tecnologia em outros segmentos, democratiza o processo, pode oferecer produtos e serviços de forma mais eficiente e até mais barata, facilitando o acesso da população de uma forma geral”,
destaca.
Dependência do Polo Industrial
O Pim reúne atualmente mais de 500 indústrias de ponta nos segmentos eletroeletrônico, duas rodas, naval, mecânico, metalúrgico e termoplástico, entre outros, que geram cerca de meio milhão de empregos diretos e indiretos. Os indicadores de faturamento e produção do parque incentivado de Manaus são crescentes a cada ano, com faturamento anual superior a R$ 120 bilhões.
Mesmo sendo de extrema relevância para a economia de Manaus, há a tentativa de descentralizar a dependência econômica. Conforme a especialista, os investimentos na área tecnológica tende a ser, mesmo não sendo a única, uma via para isso ocorrer.
“Não sei se o investimento em tecnologia e inovação reduz a dependência, depende muito de onde está sendo aplicado, mas diria que sim, a aplicação contínua de investimento em tecnologia e inovação nos segmentos tende a dinamizá-los e torná-los economicamente mais dinâmicos. Então, vê aí o uso disso, por exemplo, muito se fala que um dos polos que podem ajudar a reduzir a dependência do Polo Industrial de Manaus é o segmento de serviço, mais especificamente o de turismo”,
pontuou.
“Isso pode acontecer com restaurantes, com outras coisas mais, serviços de saúde. Então, não só a gente tem que olhar essa questão econômica de reduzir a dependência do Pim, que acho que é isso, tem que ser uma busca constante, mas, sim, o que esse investimento pode trazer na qualidade de vida do manauara em termos de facilidade do dia-a-dia.”
Startups manauaras
Apoiado no “boom” econômico das empresas de tecnologia. A “Faço a Conta” surge da necessidade de ajudar empreendedores na gestão financeira, fiscal e tributária.
“Temos muito orgulho em ser uma startup nascida aqui em Manaus e a nossa expectativa agora é poder expandir a nossa solução para todo Norte e Nordeste do Brasil”,
explica o CEO da empresa, Jonatha Oliveira.
Jonatha aponta que, mesmo tendo crescimento, ainda ser necessário mais investimentos para as empresas alcançarem espaços melhores dentro da economia brasileira.
“Creio que ainda precisamos ter mais iniciativas que fomentem o investimento em startups e formação de investidores anjo. Nós abrimos a nossa primeira rodada de investimentos na modalidade ‘equity crowdfunding’ (investimento a partir do financiamento coletivo) com a aceleradora ‘Osten Invest’ do Grupo Osten Moove, com a possibilidade de vários investidores entrarem na mesma rodada. O objetivo é fomentar a modalidade na região e trazer a possibilidade de investidores locais poderem investir na Faço a Conta”, conta.
Para o CEO da “Faço a Conta”, Manaus conta com muitos recursos disponíveis, com possibilidade de concorrer com outras cidades brasileiras.
“Temos potencial de estar na lista das cidades inteligentes (smart cities). O que precisa é de desenvolvimento de novas políticas públicas que fomentem a criação dessas tecnologias e a criação de fundos específicos para isso, trabalhar a originação de novas startups assim como já começamos a fazer com o Ecolabs (hub de inovação de originação de startup).”
Startup Rehearsal
Outra startup manauara que vem se desenvolvendo em Manaus é a Rehearsal, focada na comunicação e oratória.
“A gente nasceu a partir de um momento em que a gente identificou que o momento estava promissor para o desenvolvimento de uma tecnologia que auxiliasse as pessoas a trabalhar sua comunicação e oratória. A nossa startup tem o foco de ajudar as pessoas a se desenvolver na comunicação e essas habilidades, elas hoje são atendidas de diversas formas”,
explica o jornalista e CEO da Rehearsal, Davi Albuquerque.
A empresa de inovação foi criada para ter um diferencial tecnológico que auxiliasse as pessoas na área da comunicação e treinamento, hoje ela conta hoje com cursos de práticas variadas. “A gente foi atrás de conseguir uma forma de desenvolver um sistema tecnológico que criasse um ambiente virtual onde a pessoa poderia adentrar, por meio de óculos de realidade virtual, e nesse ambiente a pessoa tivesse ali um público que ela treinasse a sua comunicação e tivesse um feedback por meio da tecnologia que faz toda a análise da sua comunicação”, comenta.
“Hoje, nós desenvolvemos outros produtos que possam estar na palma da mão da pessoa para ajudá-la no seu treinamento de comunicação oratória e no feedback que elas podem ter por meio dessa tecnologia sem precisar, necessariamente, enfrentar um público de primeira, mas utilizando essa tecnologia para que ela tenha o feedback do que é necessário para ela desenvolver a sua comunicação”, pontua.
Para o futuro, Albuquerque aposta nas tecnologias que auxiliem as pessoas. “Então, acho que a nossa expectativa de futuro está nisso em tecnologias que ajudem as pessoas a treinar, que seja um motor de incentivo e de feedback especializado, qualificado nessas características que uma pessoa precisa ter para desenvolver uma boa comunicação.”
Futuro tecnológico
Conforme o CEO da Rehearsal, Manaus está num bom momento de desenvolvimento e crescimento para qualquer startup, para qualquer empresa de base tecnológica.
“Aqui a gente tem bastante incentivo de Leis de informática, temos aí todo o processo de P&D que ajuda que a gente tenha acesso a recursos por meio desses incentivos e a gente desenvolva tecnologia. O que sem esse acesso, sem essa promoção que ocorre aqui em Manaus, não seria possível que a gente já estivesse desenvolvendo um protótipo e por meio desse protótipo validade várias ideias e teses que a gente tinha e agora está partindo para esse novo momento da startup, essa nova perspectiva de futuro”,
conta.
“É fundamental e até empresas de fora acabam tendo um olhar mais voltado para essa região por conta dessas Leis de incentivo. Temos as indústrias, temos a Suframa, tudo isso facilita que a gente tenha um grande arcabouço de investimento e muitos olhares interessados no que está sendo desenvolvido aqui. A bioeconomia tem crescido bastante e tem muito incentivo para essa área. Então, Manaus está num momento ótimo de incentivo e acho que isso é inegável”, completa.
Para ele, Manaus tem condições de ser um grande exemplo no que se refere à tecnologia e inovação, sobretudo pelos grandes investimentos e pelas grandes oportunidades dentro da bioeconomia.
“Temos muitas condições de sermos exemplos, porque temos assistido de perto boas referências. Acredito que o Executivo Municipal tem atendido bastante as demandas que a população tem hoje por capacitação na área de inovação, tecnologia”,
disse.
“Manaus desde muito tempo tem tomado protagonismo, desde quando foi uma das primeiras cidades a ter eletricidade no Brasil, então a gente tem um desenvolvimento muito, muito promissor. Então basta a população também tomar posse dessa ideação de termos uma cidade, termos movimentos que já consideram digitalizar e tornar determinados bairros da cidade em bairros inteligentes, conectados com a internet, conectados com serviços tecnológicos, que normalmente a gente vê em países de primeiro mundo, a gente já tem projetos de implementação de alguns bairros aqui de Manaus”, finaliza.
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