Até os 36 anos, o biólogo e empresário Diogo Hungria havia plantado, ao longo da vida, menos de 10 pés de árvore. Hoje, aos 38, esse número já ultrapassa 10 mil. O início para transformar seu sonho em um negócio foi a fala de um professor que disse que enquanto uma floresta valesse mais deitada, ela seria derrubada.
“Decidi mudar essa perspectiva e mostrar que, por meio do empreendedorismo, é possível restaurar a floresta amazônica. Qualquer empresa pode ter sua floresta na Amazônia”,
disse o fundador e CEO da Meu Pé de Árvore, Diogo Hungria.
A startup viabiliza a recuperação de áreas degradadas por meio da restauração de ecossistemas na Amazônia em parceria com agricultores familiares. A jovem empresa, fundada em meio à pandemia, já plantou 10 mil árvores no coração amazônico, em Porto Velho (RO). Até o final de 2023, segundo Diogo, serão mais de 20 mil.
“Estamos falando de uma diversidade de mais de 40 espécies, passando pelo Cacau e Castanheira, de Açaí ao Buriti”, conta. Para ele, enquanto biólogo, plantar árvores é uma satisfação e, como fundador da empresa, é uma realização ao ajudar o planeta.
Além de empresas locais, outras nove de porte nacional e dos mais variados segmentos, como aviação, educação e e-commerce já firmaram seu compromisso com o meio ambiente por meio de projetos com a Meu Pé de Árvore. Um dos cases é a UpMat Educacional, que plantou uma árvore para cada escola inscrita em concurso de Matemática, totalizando 4.600 mudas. Já a KLM Royal Dutch Airlines desafiou os colaboradores a converterem quilômetros pedalados em plantio de mudas, o que rendeu 4 hectares de área em restauração nos Sítios Canaã e São José, em Rondônia.
Como plantar uma floresta
Por meio da Meu Pé de Árvore, qualquer pessoa ou negócio pode ter sua floresta na Amazônia, a partir do financiamento mínimo de 1.000 árvores, o que equivale a uma área de meio campo de futebol. As empresas podem aderir por meio de uma proposta exclusiva ou coletiva. A partir do contrato firmado, a empresa estabelece parcerias com produtores familiares e comunidades locais que possuem, em suas propriedades, áreas que precisam ser restauradas.
Até agora, 60 famílias já foram impactadas direta e indiretamente e mais de 6 hectares recuperados. A startup é responsável por fornecer mudas, insumos e dar assistência técnica aos parceiros, além de fazer a manutenção e monitorar presencialmente a fauna e flora.
“Um hectare desmatado pela atividade humana pode levar até 300 anos para ser reconstruído. No coletivo tornamos esse processo mais rápido, mas temos que plantar para colher os frutos no tempo da natureza em crescer de volta”,
defende Diogo.
A floresta começa a crescer, em média, em cinco anos, explica o empreendedor e mestre em Zootecnia. De acordo com o calendário da Meu Pé de Árvore, o plantio das mudas e sementes acontece sempre no início das chuvas em Roraima, em meados de novembro, sendo as espécies plantadas nativas da região. Algumas mudas, como as de castanheiras, podem levar até dois anos de preparo, enquanto muitas sementes somente são encontradas em aldeias indígenas ou propriedades particulares.
Sementes lançadas na infância
Diogo conheceu a floresta aos sete anos, durante uma viagem de família, e se apaixonou. Desde então, o curitibano esteve imerso na natureza, fazendo trilhas, subindo montanhas, estudando fauna e flora até se graduar em Biologia pela Universidade Federal do Paraná. Com o diploma em mãos, deixou a capital paranaense com destino ao coração da floresta amazônica, Porto Velho (RO), a 3 mil quilômetros de distância.
A ideia de empreender surgiu em 2018, mas só saiu do papel três anos depois, quando Diogo relembrou a frase do professor da faculdade e pensou “por que não viabilizar uma forma de empresas, produtos e serviços plantarem árvores?”. Assim que a Meu Pé de Árvore foi fundada, Diogo começou a se inscrever em editais voltados para o bioma. O Sebrae chegou para fazer a diferença com o Inova Amazônia, programa focado em desenvolver pequenos negócios ou ideias inovadoras alinhadas à bioeconomia.
Nos seis primeiros meses, Diogo recebeu uma bolsa do Sebrae para que pudesse se dedicar ao desenvolvimento do negócio. “O Sebrae me deu a oportunidade de criar um network com o próprio ecossistema da Amazônia. Conexões com pessoas e organizações que compartilham nossa visão são fundamentais para o negócio dar certo”, afirma Diogo. A empresa segue recebendo suporte técnico do Sebrae para aprimorar seu modelo de negócio, obter acesso a crédito e investimentos.
Inovação e sustentabilidade
Para Diogo, inovar é a base de tudo, incluindo na forma de comunicarem que uma marca ou produto pode ser um motor de restauração da floresta.
“Ensino o empreendedor como mostrar o diferencial de plantar árvores. Inclusive para clientes da nova geração, que chegam a boicotar empresas que não tem propósito sustentável”, reforça Diogo. Ainda segundo ele, os consumidores estão dispostos a pagar mais pelo produto quando aquela marca é engajada: “É uma forma de agregar valor ao negócio e isso é inovação”.
*Com informações da assessoria
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