O presidente Lula (PT) virou alvo de cobranças públicas da oposição após seu filho caçula, Luis Claudio Lula da Silva, 39, ter sido acusado de violência física, moral e psicológica por uma ex-companheira.
Aliados de Jair Bolsonaro (PL), como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), e rivais do petista, como a deputada Rosangela Moro (União Brasil-SP), questionaram o silêncio de Lula ou de aliados.
Cobrada a se manifestar, Tabata Amaral, deputada federal pelo PSB-SP e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, afirmou que, se for comprovada a denúncia, espera não haver nenhum tratamento especial.
A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, não chegou a falar do caso diretamente, mas, em evento na quarta-feira (3), fez referência à importância do combate à violência doméstica.
A ex-companheira de Luis Claudio registrou um boletim de ocorrência eletrônico na terça-feira (2), em São Paulo, e afirma ter levado uma cotovelada na barriga durante briga ocorrida em janeiro deste ano, além de ter sido vítima de outras violências. Luis Claudio nega as acusações, que chama de fantasiosas.
“Silêncio ensurdecedor de toda a esquerda após o escândalo envolvendo o filho do presidente. Só vale a luta pela causa a depender de quem seja o culpado?”, questionou Rosangela Moro, deputada e mulher do senador Sergio Moro (União Brasil), ex-juiz da Lava Lato.
“Se tivesse acontecido com o ex-presidente da República, esse plenário estaria aqui cheio hoje inclusive de feministas gritando”, afirmou a senadora Damares Alves em sessão do Senado.
Marina Helou, deputada estadual pela Rede em São Paulo, partido aliado de Lula, afirmou que “nenhum homem pode estar acima da lei”. Segundo acusação da vítima, Luis Claudio teria dito estar protegido por ser filho do presidente.
Nas redes sociais, outros políticos da oposição cobravam posicionamento de figuras públicas como a primeira-dama Janja e de Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres.
O ex-procurador da Lava Jato e deputado federal cassado Deltan Dallagnol relembrou fala de Lula dita em agosto de 2022, quando o presidente condenou a violência contra mulheres.
“Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso”, disse o petista em comício realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
O vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil) explorou o episódio cobrando posicionamento de adversários políticos como os pré-candidatos à prefeitura Tabata Amaral e Guilherme Boulos (PSOL).
“Inúmeras denúncias de violência doméstica contra o filho de Lula. Seguem calados: Tabata Amaral, Janja, Ministra das Mulheres, Guilherme Boulos, Silvio Almeida, dos ‘direitos humanos'”, afirmou.
Apesar da crítica, Tabata Amaral comentou o episódio. “Se comprovada a denúncia, espero que não haja nenhum tratamento especial e a lei seja seguida em todo seu rigor. Independentemente de quem seja o agressor ou a que família ele pertença”, afirmou.
Janja não mencionou o episódio, mas fez publicação na quarta em que afirmou ter “compromisso de vida” com a “questão da violência contra as mulheres”.
“Esse é um compromisso [igualdade de gênero] que eu tenho de vida com a questão das mulheres, com a questão da violência contra as mulheres”, disse. “Essa é uma pauta que eu vou continuar levando. Às vezes ela é difícil, mas necessária”, disse em publicação que registrava evento da ONU do qual participava.
Nas redes sociais, a ex-companheira de Luis Claudio pediu que a questão não fosse politizada e que Lula não fosse responsabilizado. “Parem de responsabilizar os familiares por maldades de um homem adulto de 40 anos. São pessoas totalmente diferentes”, escreveu. A publicação foi excluída minutos depois.
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), segundo a defesa, acatou pedido de medida protetiva após o registro do caso. Luis Claudio foi proibido de ficar a menos de 200 metros da ex-mulher, além de não poder contatá-la por telefone e redes sociais ou frequentar os locais de trabalho e estudo dela.
*Com informações da Folha de S.Paulo
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