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Evento

Com preço do Tucumã ‘nas alturas’, primeiro Festival de X-Caboquinho é realizado em Manaus

Evento ocorrerá até o dia 30 de julho

Foto: Reprodução

Manaus (AM) — A Tapiocaria Casa da Castanha realiza, desde o último dia 30, a 1ª edição do Festival de X-Caboquinho, que ocorre todas as quartas e sextas-feiras, na feira da Universidade Nilton Lins, localizada no bairro Parque das Laranjeiras, Zona Centro-Sul de Manaus.

O evento acontecerá até o dia 30 de julho, sempre no horário das 14h até às 21h. De acordo com a divulgação, no local está sendo ofertado tapiocas de diversos sabores, além do tradicional mingau de munguzá, mingau de milho, mingau de banana, pé de moleque recheado, entre outros.

Um vídeo postado nas redes sociais de um trabalhador da tapiocaria fazendo a divulgação do evento viralizou após ele dizer a seguinte frase: “Se por aí não tem tucumã, aqui tem”.

Os internautas comentaram a aparição do trabalhador com a fruta que está com preço elevado no Amazonas.

“Esse cara, definitivamente, não se preocupa com a segurança dele, pra fazer um vídeo segurando uma saca de tucumã e ainda dando o endereço… 😅”, disse um usuário. “Rapazzz o cara tava com um carro zero em cima do ombro”,

comentou outro seguidor.

Aumento do preço do tucumã

Você já imaginou pagar R$ 30 num x-caboquinho? O relato do feirante Sérgio Reis ao Em Tempo escancara o aumento do preço de um item comum no paladar amazonense: o tucumã. Em muitas feiras e comércios, a fruta está em falta, e quando é encontrada, o valor está muito acima do que normalmente é cobrado. Os reflexos e impactos desse crescimento é sentido tanto no bolso do consumidor, quanto no do vendedor. Vendido por R$ 40 a cerca de um mês, agora o quilo do fruto é comercializado a R$ 170. Já a saca de 40 kg está chegando até R$ 1.000.

A empreendedora Lenne Jordão, dona do Tucumã da Lenne, relatou o aumento significativo no preço da saca do produto. Por conta desse acréscimo, ela ficou alguns dias sem ter como trabalhar.

“Hoje estamos vendendo o quilo de R$ 170, mas em alguns lugares, como feira, ele varia entre R$ 170 a R$ 220 o quilo. O preço das sacas também tem preço diferente, está custando R$ 800 a R$ 1.200 no fim de semana, eles aumentam mais. Na verdade, toda semana aumentam o preço das sacas, pois está ficando difícil a fruto. Eu fiquei sem tucumã devido ao preço, duas semanas sem trabalhar”,

destacou a comerciante.

Se antes a saca era vendida por R$ 40 no atacado e R$ 60 no varejo (kg), atualmente ela é repassada por R$ 170 no “Tucumã da Lenne”. De acordo com a vendedora, os clientes reclamam, mas continuam pagando pela qualidade do produto.

“Eles [clientes] reclamam um pouco, mas aviso logo que na feira está, mas caro ainda. Eu comprava a saca por R$ 120, agora estou comprando por R$ 900”,

pontuou Jordão.

Quem também passa pela mesma situação é o vendedor Moisés Almeida, do Tucumã Manaus. Trabalhando com a exportação da fruta para vários estados brasileiros, o empreendedor também sentiu o aumento do valor da saca do tucumã, mas informa que a situação está ocorrendo é um reflexo da seca histórica que atingiu o Amazonas em 2023.

“Essa falta de tucumã dá-se também pela estiagem do ano passado em que as frutas, tucumã principalmente, não amadureceram, não cresceram. Com a alta demanda que está tendo nos cafés regionais de envios e consumo do público geral, o preço está muito elevado, as pessoas do interior estão sabendo dessa falta e é normal eles aumentarem o preço. Porém, em 20 anos a gente trabalhando com tucumã, nunca teve uma falta dessa. Principalmente nesse período que era quase sempre normal faltar ali entre agosto e outubro, começar a faltar. Só que, infelizmente, deu muito antes e fez com que hoje a gente tivesse comprando tucumã por volta de R$ 800 a R$ 1.000”,

descreveu.

O economista Orígenes Martins Júnior, explicou que, mesmo que a seca tenha sido pontual, ela deixa prejuízos ao meio ambiente, uma vez que ela foi histórica para os parâmetros já registrados.

“A seca, por ser sazonal, tem influência no preço, pois afeta toda a cadeia produtiva, diminuindo a oferta e aumento mais ainda o preço”,

enfatizou.

Outros fatores que influenciam esse aumento de preço está relacionado ao trabalho logístico ligado ao trabalho de comercialização do tucumã.

“Tem transporte, tem mão de obra, tem aluguel, então assim, está caro devido a todos esses fatores que influenciaram para hoje a gente estar nessa situação. Ano passado, a alta quentura fez com que os tucumãs não crescessem e os poucos que conseguiram amadurecer, com essa época de chuva, ainda não tivemos bastante saída da plantação”,

disse o vendedor Moisés.

O economista concorda com o pensamento de Moisés, uma vez que a logística, se feita de forma desorganizada, pode comprometer a qualidade do produto.

“Temos também as questões relacionadas à logística, onde o excesso de atravessadores e falta de armazenagem contribuem para uma perda excessiva do produto e falta de venda seletiva”,

salientou Orígenes Jr.

Antes da falta do tucumã, o proprietário do Tucumã Manaus pagava R$ 300 a R$ 400 na saca da fruta. Hoje, o valor gira em torno de R$ 1.000. Para continuar fornecendo a fruta aos clientes, o processo de separação é tratado como prioridade, já que muitos prezam por qualidade.

“Hoje vendemos 100g a R$ 25, 1 kg a R$ 200, um saco dá em média 6 a 8 kg, mas pode dá menos, depende do tamanho e quantidade de polpa. Isso tendo em vista que, às vezes, 100 não são de qualidade boa, temos que está selecionado somente os melhores”,

esclareceu.

Para Orígenes, a falta de estímulo de autoridades compromete a circulação do produto, uma vez que a situação poderia ter um impacto menor do que é registrado atualmente, caso houvesse um plano de ação para superar esse contexto.

“Um aumento desta proporção já é, por si só, desproporcional. O grande problema que está afetando o preço do tucumã, assim como de outros produtos típicos da nossa região, está na falta de uma política pública de incentivo e acompanhamento”,

finalizou.

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