A obesidade deve fazer parte da vida de quase metade da população brasileira adulta nos próximos 20 anos, revela pesquisa apresentada nesta quarta-feira (26) no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO).
Segundo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), se as tendências atuais forem mantidas, 48% dos adultos serão obesos até 2044 (83 milhões de pessoas), e outros 27% terão sobrepeso (47 milhões).
A prevalência de obesidade quase dobrou de 2006 para 2019, atingindo 20,3% da população adulta do país. Atualmente, 34% dos brasileiros têm obesidade, e 22% estão acima do peso.
Os autores do estudo usaram um modelo de tabela de vida para estimar os impactos do sobrepeso e da obesidade sobre 11 doenças associadas ao índice de massa corporal (IMC) elevado, como doenças cardiovasculares, diabetes, doença renal crônica, cirrose e cânceres, com base em dados demográficos e epidemiológicos de pesquisas nacionais e do Estudo de Carga Global da Doença (GBD).
“Com base nas tendências atuais, a carga epidemiológica e econômica do sobrepeso e da obesidade no Brasil aumentará significativamente, portanto políticas robustas precisam ser implementadas no país, incluindo o tratamento dos casos existentes e a prevenção do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias”, afirmam os autores do estudo.
Obesidade mais prevalente entre mulheres e negros
Em uma projeção com prazo mais curto, o autor do estudo, o pesquisador Eduardo Nilson, estima que tanto a obesidade quanto o sobrepeso devem atingir níveis recordes no Brasil já em 2030.
A maior prevalência ficará concentrada entre as mulheres nos próximos seis anos. Estima-se que 30,2% terão obesidade, e 37,7%, sobrepeso em 2030. Para os homens, a estimativa é de 28,8% com obesidade, e 39,7%, com sobrepeso.
As pessoas negras e de outras etnias minoritárias também devem ser as mais atingidas. Estima-se que, em 3030, 31,1% delas terão obesidade, e 38,2%, sobrepeso. Entre as pessoas brancas, os índices são de 27,6% e 38,8%, respectivamente.
Enfrentamento à epidemia de obesidade
Os autores do estudo apontam uma série de medidas que podem ser tomadas para enfrentar a crescente epidemia de obesidade. A primeira delas é o tratamento de casos existentes de obesidade dentro do sistema de saúde, evitando também que casos de sobrepeso evoluam para obesidade.
As orientações também incluem a prevenção do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias por meio de políticas regulatórias e fiscais que facilitem escolhas alimentares saudáveis. “Desde a primeira infância até a idade adulta, melhorando os ambientes alimentares”, sugerem os pesquisadores da Fiocruz.
Escolhas alimentares saudáveis incluem o consumo de uma diversidade de alimentos frescos e minimamente processados, bem como evitar alimentos ultraprocessados.
*Com informações da assessoria
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