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Projeto leva empoderamento por meio do empreendedorismo para artesãs indígenas

O objetivo do projeto é empoderar mulheres indígenas e ribeirinhas em habilidades empreendedoras, gestão de negócios e acesso ao mercado

O projeto “Empreendedoras da Floresta” vai beneficiar 60 mulheres que trabalham com artesanato em três Unidades de Conservação (UCs) do Amazonas.

O objetivo do projeto é empoderar mulheres indígenas e ribeirinhas em habilidades empreendedoras, gestão de negócios e acesso ao mercado.

A iniciativa, com duração de três anos, promoverá uma jornada via oficinas, onde as mulheres serão estimuladas a desenvolver produtos e receberão mentoria financeira, além de capital semente.

O lançamento do projeto foi feito pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a L’Oréal Fund for Women entre os dias 7 e 9 de agosto.

Evento ocorreu na comunidade indígena Três Unidos, do povo Kambeba, localizada à margem do rio Cuieiras, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, a 60 quilômetros de Manaus.

Ao todo, 75 mulheres de comunidades do baixo Rio Negro participaram do “1º Encontro de Empreendedoras da Floresta”, com a abertura do módulo de Formação Empreendedora.

Para a artesã Ingrid Diniz, moradora da comunidade Três Unidos, o momento foi importante, pois reuniu mulheres com experiências diferentes, o que possibilitou uma rica troca de conhecimentos.

“A oficina juntou mulheres diferentes. Trouxe a mulher que tem 40 anos de artesanato, e a mulher que tem quatro meses. Assim, eu posso ser ajudada pela artesã que tem mais tempo de trabalho e ajudar a que tem menos. Também foi uma junção de materiais novos, que a gente não trabalhava, e a realidade de outras comunidades, que é diferente da nossa. Por exemplo, aqui a gente trabalha com a semente do morototó, já a comunidade Nova Esperança trabalha com o tucum. Nós aprendemos a fazer a junção desses dois materiais e criar um produto novo. Vamos unir esses conhecimentos e levá-los adiante, para nossas comunidades”, disse Ingrid.

Segundo a facilitadora da Associação Zagaia Amazônia, Rozana Trilha, responsável pela formação, o objetivo da oficina foi abordar o empreendedorismo e o empoderamento.

Além de trazer questões de identidade e cultura que estão enraizadas na região do baixo Rio Negro.

“Nesta primeira atividade, fizemos uma dinâmica para que as mulheres trouxessem suas raízes ancestrais, o legado de suas famílias, porque sabemos como é importante saber de onde viemos para seguir o caminho que desejamos. É importante trabalhar esses temas para não ficar só em discursos globais, em territórios que não são nossos. Não tem nada mais importante que esse intercâmbio que foi feito, uma mulher identificando em outra mulher oportunidades, pensamentos e comportamentos. Sejam anciãs ou jovens mulheres, elas estão se posicionando”, afirma Rozana.

O projeto “Empreendedoras da Floresta” também promove a valorização do papel do artesanato para o empoderamento feminino e cultural na Amazônia, como fica evidenciado na fala de Ingrid Diniz.

“Eu vim de uma comunidade ribeirinha, que trabalha com roça e pesca. Quando cheguei em Três Unidos, aprendi o artesanato com as mulheres da comunidade e hoje sou empreendedora. O artesanato me trouxe independência, empoderamento para ter meu próprio dinheiro e meu próprio negócio. Para a mulher, ter a nossa independência é um trabalho que nos sustenta, traz coisas além do dinheiro: me traz que sou suficiente, que consigo fazer tudo o que me proponho. Artesanato é liberdade”, declara.

Já para Regina Ramos, criadora do Sapopema Biojoias, da comunidade Carão, na RDS Rio Negro, a oficina desperta o sentimento de orgulho da cultura cabocla ribeirinha.

“Eu nunca tinha vindo ao Três Unidos, e o projeto me proporcionou essa experiência. Sou fã da cultura e admiro o orgulho que eles têm como indígenas, é muito bonito de ver. É algo que a gente ainda não tem como o caboclo, o orgulho da cultura e de ser. Quero levar esse mesmo orgulho que estou vendo aqui para minha comunidade. O caboclo foi muito discriminado e precisamos parar de ter essa vergonha, mostrar que ser caboclo não é ser feio, que tem toda uma população para ser representada. Através das biojoias, busco criar peças que falam da nossa cultura e vivência ribeirinha, para mostrar que me orgulho de ser cabocla. O artesanato abre um leque imenso para falar sobre empoderamento feminino, economia e empoderamento cultural”, explica a artesã.

O projeto

As mulheres selecionadas são integrantes de 10 grupos de artesanato que já recebem apoio da FAS, por meio de seu Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Amazônia (PENSA).

A iniciativa começa com jornada empreendedora, dividida em três módulos: Cultura Empreendedora, Inovação e Criatividade;​ Marketing e Redes Socias;​ e Educação Financeira e Modelo de Negócio.

Serão selecionados nove projetos, acompanhados de mentoria financeira e capital semente. A partir da seleção de ideais, serão desenvolvidos produtos inovadores da bioeconomia amazônica.

O projeto realizará, ainda, ações de acesso ao mercado e formação de parcerias comerciais.

Segundo a superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS, Valcléia Solidade, o projeto vai além do apoio às artesãs, contemplando também mulheres com papéis ativos em suas comunidades.

“Especialmente, buscamos desenvolver nessas mulheres a capacidade de se empoderar em suas ações, que elas possam ser resilientes diante do cenário que vivem e como se fortalecer. Não estamos falando só de apoiar mulheres artesãs, mas apoiar mulheres que têm um papel relevante na comunidade, que são líderes. O projeto tem esse caráter de fortalecer, aumentar a autoestima e fazer com que essas mulheres sintam-se valorizadas, vivas e representativas, sabendo que são referência para outras mulheres”, afirma.

A superintendente também destaca a importância de parceiros como a L’oreal para fortalecer ações que já são desenvolvidas pela FAS.

“O conhecimento é um caminho que você percorre no dia a dia, principalmente no empreendedorismo, onde todo dia tem uma ferramenta nova para aprender. Apoiar essas mulheres em suas atividades e ter um parceiro que acredita nisso é essencial para dar continuidade nas atividades que já viemos desenvolvendo. É importante para fortalecer o papel e o trabalho que as mulheres desenvolvem nas suas comunidades, fortalecendo seus territórios”, completa Valcléia.

De acordo com Juliana Souza, analista no Programa de Empreendedorismo da FAS, “a ideia para abertura do projeto foi trazer a temática do Sagrado Feminino, com intuito de inspirar e promover a autodescoberta através das tradições culturais, empoderamento feminino, criatividade, inovação, empreendedorismo, economia do cuidado, violência de gênero, justiça climática, cultura e saberes ancestrais, autoestima e fortalecimento da identidade.”

*Com informações da assessoria

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