As empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) terão gasto adicional de R$ 500 milhões durante a estiagem. É o que aponta a estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam).
O valor adicional é consequência de práticas adotadas pela indústria para minimizar os efeitos da seca na chegada de insumos e saída de produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Após a seca histórica de 2023, o Amazonas se prepara para enfrentar uma estiagem ainda mais forte, afetando diretamente as 600 empresas que integram a ZFM.
Para a atividade industrial continuar fluindo no Estado nos próximos meses, algumas empresas de navegação sinalizaram, em julho, que haveria uma cobrança em cima do transporte de carga, que poderá chegar até R$ 32 mil por contêiner.
Custo logístico
A economista Denise Kassama destaca que esse valor cobrado pela taxa da seca é resultado da grande operação logística que está sendo montada pelas empresas de transporte hidroviário.
“É um custo logístico. Com o rio mais seco, as navegações tendem a ser mais demoradas, porque você tem que fazer tudo com mais cuidado. E com isso, se você leva mais tempo, você vai consumir mais combustível, você vai ter mais horas de trabalho, alimentação da tripulação, e isso onera o custo logístico”, pontuou a especialista.
Para a especialista, muitas empresas da Zona Franca anteciparam sua produção após seca severa de 2023, só que parte delas não contava que a própria estiagem também ocorreria mais cedo que o programado.
“A seca do ano passado deixou algumas lições e as empresas que puderam e conseguiram, anteciparam as suas produções para evitar o período mais crítico da seca. Evidentemente não foram todos e, cabe lembrar que a seca também aprendeu com o ano passado e se antecipou praticamente em um mês. Então, ninguém estava preparado também para essa antecipação. As empresas que tomaram essa medida conseguiram esse gasto”, afirmou Kassama.
Bolso do consumidor
E esse valor cobrado pela taxa da seca também chegará no bolso da população. Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Eletroeletrônicos, Jorge Júnior Nascimento, será impossível não repassar esse custo aos consumidores.
“Essa taxa vai começar a compor agora por introdução. Evidentemente, as indústrias estão fazendo tantos esforços para absorver isso para não haver um repasse no preço dos produtos. Mas, com a intensificação da seca, com o alargamento do prazo de uma situação complicada por conta dessa seca, esses custos podem ser ainda maiores, fazendo com que, inevitavelmente, alguma parte desse aumento de custo seja incorporada ao preço final do produto”.
Alternativa logística
Uma das alternativas para otimizar a logística na região, mesmo com as dificuldades da seca, começou a ser implantada nesta semana.
O Píer Flutuante Provisório do Grupo Chibatão, que fica em Itacoatiara, foi projetado para operar em áreas de baixa profundidade, permitindo que o transporte de mercadorias continue fluindo, mesmo com a redução dos níveis dos rios.
A estrutura faz parte de um plano logístico que visa minimizar os impactos da estiagem na economia do Amazonas, assegurando o abastecimento da Zona Franca de Manaus e do comércio local.
Na visão de Denise, a implantação do píer é essencial para a manutenção das atividades do Estado, assim como previne futuras ocorrências, caso essa situação da seca se repita nos próximos anos.
“Essas medidas que foi falada, não só Chibatão, como outros de fazer em píer flutuantes, é importante, ajuda tanto nessa questão atual, pensando no futuro, caso essa questão da seca tenda a se piorar nos próximos anos. Esperamos que não, mas a coisa está tão louca, não dá para a gente fazer um prognóstico muito preciso. Se o custo logístico aumenta, é evidente que isso acaba sendo repassado para os produtos finais, ou seja, nós vamos ter um Natal com produtos um pouquinho mais salgados”, finalizou a economista.
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