O bailarino Alec Vasconcelos estreia neste sábado (21) no Palco Favela do Rock in Rio compondo o ballet da cantora Kaê Guajajara.
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Nortista e indígena de retomada, Alec exalta a representatividade ao lado da cantora na primeira edição do festival a incluir artistas indígenas em suas atrações principais.
Nascido em Manaus, Alec se mudou para o Rio de Janeiro aos 20 anos, em 2017, para estudar dança na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na qual ainda cursa a graduação.
Participante do grupo de dança e cultura popular “Excorporação” e bailarino formado pelo Centro de Dança Rio, ele se prepara para performar em um dos maiores festivais de música do país.
“Já me apresentei para grandes públicos algumas vezes em trabalhos como Prêmio Sim à Igualdade Racial e dancei na comissão de frente da São Clemente no carnaval de 2022, onde a escola homenageou o ator Paulo Gustavo e eu pude ser uma das donas Hermínias”, disse sobre sua experiência e completou: “é claro que nada se compara com o Rock in Rio, mas eu definitivamente me sinto pronto junto com o restante do ballet, vai ser um momento muito especial e divertido”.
Para o show, o bailarino promete muita energia e ritmo dançante com uma sonoridade que mistura a música popular originária com outros gêneros como funk, trap e pop.
Além de Alec, o ballet conta com nomes como a atriz e dançarina Mell Muzzillo, do elenco na novela ‘Renascer’ e com o grupo Dance Maré, do Complexo da Maré no Rio.
Dança e suas origens
Iniciado na dança aos 11 anos, Alec levou consigo para o Rio de Janeiro suas vivências da infância e adolescência em Manaus, o que reflete em sua dança atualmente.
“A minha base enquanto artista, olhando para as minhas memórias, que são coisas que fazem a minha arte, são memórias dos lugares que eu morei em Manaus, são memórias das comidas que eu comi, das pessoas que eu amo, que moram em Manaus, dos rios, da floresta, sabe? Dessa realidade amazônica mesmo, elas me formaram enquanto artista”.
Alec se define como indígena em retomada, termo utilizado por descendentes indígenas que buscam a conexão com suas origens a partir da realização de ritos e vivências.
Para ele a dança é essencial neste processo e trabalhar com uma cantora também indígena abriu caminhos para essa conexão ficar mais forte.
“Para além de Manaus eu sinto que o meu lugar em cima do palco no Rock in Rio tem uma representatividade em questões de ocupar espaços que são negados para pessoas como a gente, manauaras que sofrem xenofobia quando saem do Amazonas. Nós originários, indígenas de retomada, pessoas que estão nesse processo de recuperar esses lugares importantes, para que outras pessoas do país entendam que nós estamos aqui para ocupar, esses espaços também são nossos, a gente precisa estar neles, assim como a gente esteve nesse território há muito tempo”, afirma Alec.
Preparação
Com um trabalho que conta totalmente com seu desempenho físico, Alec enfatiza a preparação e consciência corporal intensa para o festival.
Para o bailarino é importante manter a constância nas aulas de dança, compensando também com outras atividades físicas quando os horários coincidem com suas aulas na faculdade, agregando o treino na academia e corridas a sua rotina.
Ele destaca a importância de não levar o corpo à exaustão, mas realizar os exercícios de forma consciente que também ajudem no desempenho performático.
“Nos ensaios eu sempre penso qual expressão meu rosto tem, quais feições aquela dança exige de mim”, completa.
Aliado ao corpo, a preparação mental também ocorre de forma intensa e Alec acredita que alguns anos atrás poderia estar muito mais nervoso sobre a oportunidade de dançar no Rock in Rio, mas que, se sentindo preparado fisicamente isso o motiva a reafirmar suas qualidades e manter boas expectativas para a apresentação.
Para o futuro, Alec pretende continuar sua carreira na dança, visando também outras apresentações ao lado de Kaê, levando suas raízes e amor pela dança em frente.
“A dança me foi conhecimento de mim mesmo, me foi suporte quando eu estava mal. A dança me foi entretenimento quando eu precisava, me foi exercício físico quando o meu corpo estava pedindo movimento, sabe? É agora ela também é um trabalho, acaba me sendo tudo hoje porque eu já não consigo olhar mais para as coisas e não ver dança, eu já não consigo olhar para as coisas e tipo não ver arte”.
A apresentação de Kaê no palco favela do Rock in Rio e estreia de Alec está prevista para iniciar às 15h no horário de Brasília com transmissão ao vivo no aplicativo Globoplay, Multishow e Canal BIS.
*Com informações da assessoria
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