*Otávio Abreu – Jornalista
O domingo de 17 de novembro de 2024 ficará marcado na história de Manaus. A visita do Presidente em Exercício dos Estados Unidos, Joe Biden, trouxe holofotes internacionais para a floresta Amazônica, reforçando sua importância como um patrimônio natural insubstituível.
Com um forte aparato de segurança que incluía helicópteros, FBI, forças locais e o Serviço Secreto, a cidade viu trechos bloqueados e mudanças na rotina de seus moradores.
O marco, no entanto, levanta questões fundamentais: o que realmente mudou para Manaus, para a Amazônia e para aqueles que habitam sua vastidão?
Durante sua passagem, Biden anunciou um apoio significativo ao Fundo Amazônia, reafirmando compromissos globais com a preservação ambiental e o avanço da energia limpa. Suas palavras evocaram uma conexão emocional profunda com a floresta: “A Amazônia é a liberdade do mundo, mas, em minha visão, nossas florestas e maravilhas naturais são o coração e a alma do mundo”, afirmou. O discurso destacou a necessidade urgente de preservar o “lugar sagrado” da floresta para o bem da humanidade.
Embora o tom tenha sido inspirador, o momento também exige uma análise crítica. O investimento anunciado será suficiente para enfrentar os desafios complexos da região? Os recursos alcançam as comunidades ribeirinhas que sofrem com a falta de assistência básica? E, mais amplamente, a infraestrutura e os projetos socioeconômicos prometidos beneficiam Manaus de forma concreta e sustentável?
Desafio da concretização
A história da Amazônia está repleta de promessas. Desde Chico Mendes, cuja luta pelos seringueiros se tornou símbolo global de resistência ambiental, até as comunidades atuais que enfrentam queimadas, desmatamento e desigualdades, o maior desafio sempre foi a concretização de ações que promovessem mudanças reais.
Como Biden enfatizou, “a história literalmente nos observa agora”. Mas o histórico de políticas ambientais no Brasil e no mundo nos mostra que os grandes anúncios nem sempre resultaram em impactos tangíveis. Uma alocação eficiente de recursos no Fundo Amazônia será crucial para transformar o discurso em benefícios reais.
A aplicação desses investimentos deve ir além da preservação da floresta e incluir estratégias integradas de desenvolvimento sustentável, que envolvem pesquisa científica, educação e infraestrutura para comunidades locais.
Impactos no desenvolvimento regional
Manaus, como porta de entrada da Amazônia, possui um papel estratégico no equilíbrio entre preservação e progresso. A presença de Joe Biden na cidade reforça sua relevância global, mas permanece a pergunta: o que Manaus ganhará, de fato?
A cidade ainda enfrenta desafios como a falta de saneamento básico em áreas periféricas e a necessidade de inclusão das populações ribeirinhas em políticas públicas. Uma visita como essa pode, no curto prazo, trazer visibilidade para essas questões, mas a resolução depende de políticas articulares e comprometimento local e internacional.
O papel do mundo e das comunidades locais
Grandes mudanças desabilitam esforços coletivos. Como o escritor amazonense Milton Hatoum ressalta em suas obras, a Amazônia não é apenas uma região, mas um símbolo de resistência cultural e ambiental. Não cabe apenas aos governos, mas também às comunidades locais, ONGs e instituições internacionais, agir como guardiões desse legado.
Joe Biden deixa um recado claro em sua demissão da presidência: o avanço da energia limpa é irreversível. Sua fala coloca um peso sobre os ombros das próximas lideranças globais, incluindo o Brasil, para que sigam a revolução ambiental em andamento. No entanto, além das palavras, o que realmente faz a diferença é a implementação de políticas públicas que atendem às populações mais afetadas e promovem um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação.
Uma reflexão necessária
O dia 17 de novembro foi um marco histórico, mas o verdadeiro impacto dessa visita será medido pelos resultados que virão nos meses e anos seguintes. O mundo está olhando para Manaus, para a Amazônia e para todos nós. Cabe a cada um – líderes, comunidades, cientistas e cidadãos – transformar promessas em ações.
Que a presença de Biden seja um lembrete do potencial da Amazônia não apenas como “o coração e a alma do mundo”, mas como um exemplo vivo de que é possível monitorar a preservação ambiental, o desenvolvimento econômico e a justiça social.
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