Em um estado banhado pela bacia amazônica, é comum que acidentes na água coloquem em risco a vida do amazonense. O Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) informou que atende, em média, de 35 a 40 ocorrências de afogamento por ano. Para evitar o aumento do número de ocorrências, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) reuniu especialistas no evento com tema “Saber nadar: um contexto regional”.
Dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), que analisou o ano de 2022, apontaram que a Região Norte do país tem o maior risco de morte por afogamento.
Nikolas Rodrigues Soares, de 19 anos, foi uma da vítimas deste tipo de situação. Em junho, o jovem foi flagrado se afogando e pedindo ajuda da população em frente ao Porto de Tabatinga, no interior do Amazonas. Ao ser ignorado por quem flagrou a situação, a mãe da vítima ainda tentou ajudar, mas quando ela se aproximou, Nikolas já tinha sumido no meio do rio.
Este é apenas um dos casos que são noticiados e, para tentar frear o número de vítimas, a Ufam sediou um evento que reuniu profissionais com o propósito de debater a importância da natação no contexto amazônico.
O Prof. Dr. Vinícius Cavalcanti, da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Ufam, enfatizou que os rios e lagos fazem parte do cotidiano de muitos ribeirinhos, e por conta deste cenário, saber nada é crucial para a segurança de cada cidadão.
“Vivemos em uma área onde os rios e igarapés desempenham um papel central no cotidiano da população, seja como meio de transporte, fonte de sustento ou local de lazer. Saber nadar, nesse contexto, transcende uma habilidade esportiva e torna-se uma competência vital para a segurança, autonomia e integração dos moradores com o ambiente em que vivem”, afirmou.
Apesar do salvamento ser o centro da discussão, ainda existe outros aspectos do meio aquático que ainda precisam de atenção, de acordo com o Prof. Dr. Ricardo Fernandes, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
“O primeiro ponto é esse, o salvamento. O segundo ponto é para podermos usufruir dos planos de água para as férias ou para outras situações. Para usufruir do ambiente aquático é muito importante que tenhamos uma boa adaptação ao meio aquático. A ambientação ao meio aquático é importante para várias vertentes do ensino da natação e também para nossa vida”, disse.
O evento, que reuniu profissionais da área e acadêmicos do Amazonas, promoveu a discussão de vivências, além do desempenho do esporte como parte da vida em sociedade.
“Discussões sobre a aquisição da competência de saber nadar nos níveis de formação educacional básica e superior, desempenho esportivo em eventos de natação em águas abertas e as práticas de salvamento aquático no ambiente fluvial foram cruciais para potencializar novas ações de políticas públicas e o delineamento de futuros eventos e projetos interinstitucionais nacionais e internacionais no âmbito da pesquisa e extensão”, pontuou a Prof. Dra. Kelly de Jesus, da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas.
Na visão dos profissionais que participaram do evento, o encontro foi produtivo, já que o tema é de extrema relevância para a sociedade como um todo.
“Embora tenhamos avanços importantes na capital e alguns municípios, ainda há muito a ser feito para promover o ensino da natação de maneira mais acessível, segura e inclusiva em toda a região amazônica. Investir em infraestrutura, formação de profissionais e programas de incentivo, especialmente para as populações ribeirinhas, é essencial para transformar o ‘saber nadar’ em uma competência realmente universal para os amazonenses”, finalizou o profissional.
O I Encontro Teórico – Prático Entre Pesquisadores, Professores, Treinadores E Acadêmicos De Educação Física ocorreu de 21 à 23 de novembro, na Ufam, e contou com os seguintes profissionais: Prof. Dr. Ricardo Fernandes (Fade-Up – Portugal), Prof. Dr. Marcos Franken (Uri Santiago – RS), Profa. Dra. Kelly De Jesus (Feff – Ufam), Profa. Dra. Karla De Jesus (Feff-Ufam), Prof. Dr. Vinícius Cavalcanti (Feff-Ufam) e Prof. Me. Yves Simões (Cia. Athletica).
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