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Mianmar

Tráfico humano: Jovens brasileiros são vítimas de escravidão na Ásia após caírem em golpe

Propostas de emprego no exterior escondem armadilhas perigosas e levam jovens brasileiros a redes de tráfico humano e exploração em condições desumanas.

Golpes de tráfico humano disfarçados de oportunidades de emprego no exterior têm levado jovens brasileiros a situações de trabalho forçado e tortura em outros países. João, um dos sobreviventes, retornou ao Brasil após passar cinco meses no Camboja, onde foi vítima de abusos físicos e psicológicos.

“Espancamentos eram públicos, com madeira, choques. Era algo que podia durar horas”, contou ele em entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo. Mesmo após retornar, João ainda luta para se recuperar emocionalmente.

“Ainda tento entender como é estar feliz”, relatou. Sua fuga só foi possível depois de enfrentar seus torturadores para recuperar seu passaporte.

Enquanto João conseguiu voltar, dois outros brasileiros, Luckas e Phelipe, continuam em cativeiro em Mianmar. Eles caíram em um golpe de uma rede internacional de tráfico humano após serem atraídos por falsas promessas de emprego.

Da promessa ao pesadelo

Luckas foi convidado por um conhecido a trabalhar em um cassino nas Filipinas, mas, após o fechamento do local e sem recursos para retornar, foi redirecionado para a Tailândia e, lá, capturado. Phelipe, por sua vez, aceitou uma oferta de trabalho em uma central telefônica via Telegram e, desde então, está desaparecido.

Ambos foram levados ao KK Park, em Mianmar, onde são forçados a trabalhar em condições desumanas, com longas jornadas, monitoramento constante e severos castigos.

“Meu filho disse que, se não trouxesse resultados, seria agredido. É um desespero saber disso e não poder ajudar”, desabafou Antônio, pai de Phelipe.

Resgates e esperança

João foi resgatado graças à colaboração entre ONGs e o governo brasileiro, que intensificaram os esforços para libertar os brasileiros vítimas de tráfico humano no exterior. Cíntia Meirelles, da ONG The Exodus Road, informou que as autoridades tailandesas estão pressionando por ações de resgate, incluindo a libertação de 361 estrangeiros, entre eles Luckas e Phelipe.

“A promessa de trabalho no exterior é a isca. Eles alimentam o sonho de jovens que buscam uma nova vida, mas acabam presos em um ciclo de exploração e violência”, explicou Cíntia.

O Ministério das Relações Exteriores reforça a importância de verificar a legitimidade de propostas de emprego no exterior e disponibilizou uma cartilha com orientações para evitar cair em golpes de tráfico humano.

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