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Graffiti

Grafiteiro paulista faz intercâmbio cultural no Amazonas

Apaixonado pela cultura e região amazônica o muralista Xicolors está em Manaus e aposta no intercâmbio e troca de conhecimentos

Manaus (AM) – Manaus começa a ganhar aos poucos o status de uma cidade que aposta cada vez mais na street art. Já é possível encontrar muita originalidade entre cores estampadas em viadutos, túneis, prédios, condomínios, empresas privadas, como restaurantes, construtoras, emissoras de TV e muitas outras que utilizam a arte urbana e a força do graffiti para retratar a cultura indígena, fauna, flora e todo o contexto amazônico, entre outros temas de inspiração para suas criações.

As intervenções urbanas provocadas por esses artistas locais e suas mais variadas técnicas chamam atenção para um novo momento na capital do Amazonas, trazendo talentos de outros estados que começam a expressar sua arte em uma explosão artística e criativa promovendo um intercâmbio entre muralistas-grafiteiros amazonenses e de outras cidades do Brasil.

É o caso do muralista natural de São Paulo e recém-chegado em Manaus, Francisco de Queiroz Luna, 26, ou mais conhecido como Xicolors. Com passagem e residência em Recife, cidade onde morava seu avô, ele faz parte desse time que vem criando por meio da arte visual com o graffiti, o encontro da vida com a natureza e, consequentemente, o fortalecimento desse movimento na terra do x-caboquinho.

Hospedado na casa do muralista baiano e criado no interior do Amazonas, Rai Campos, ou melhor, o Raiz, como ficou conhecido, e cumprindo uma espécie de residência artística no Amazonas com objetivo de troca de conhecimentos, realidades e concepções artísticas, Xicolors que trabalha com estilo “Graffiti Root Style” já traz uma bagagem e longa experiência podendo se considerar o caçulinha entre uma legião de grandes nomes dessa cena no Brasil.

Seus primeiros contatos com as impressões artísticas começaram quando ele tinha apenas cinco anos de idade e passou a desenhar tubarões que chamavam sua atenção em placas de aviso espalhadas pela capital pernambucana, cidade em que morava seu avô.

Em 2008, quando cursava a quinta série do ensino fundamental o futuro grafiteiro já com habilidade no desenho descobriu a Amazônia por histórias e um jogo de pixo que surgiu no game ps2 o incentivou, já levando desde aquele momento a temática verde de forma séria, estudando sobre o assunto em sua rotina estudantil.

“Foi a primeira vez o contato com temáticas da floresta, mas só tive algo direto com Spray aos 15 anos quando consegui aprimorar as técnicas mistas com tinta látex e já aos 17 anos em São Paulo e circulando pelos becos da Vila Madalena quando ia praticar as remadas de skate e ver os graffitis mais antigos entrei em uma loja de spray perto do beco do Batman chamada King Cap e de lá surgiria meus primeiros passos nesse universo”, recorda Xico Luna.

A loja e o bairro e toda sua atmosfera que exalava arte urbana, assim como a amizade e experiências profissionais com nomes da cena paulistana como: Boleta, Prozak, Noiz, Highraff , Milo Tchais , Vicio e Ninguém Dorme impulsionaram o dom e habilidade do artista. “Nessa loja tinham materiais importados para arte mural e passei a ter mais acesso as tintas boas e outros utensílios e todos esses nomes me balizando na caminhada até chegar até aqui”, destaca o muralista.

Xico conta que a mudança aos 21 anos para Foz do Iguaçu foi considerada outro momento fundamental para troca de experiências e profissionalização do seu trabalho. “Trabalhei como bike-entrega, além do Graffiti e morava em uma república com amigos universitários federais. Nesse período apareceram novas oportunidades e foi quando comecei a plantar sementes para outros projetos no Paraguai chegando à capital (Assunção), onde realizei uns grafites com meus camaradas, Nasa Pedro e Vicio Mea, que foram pessoas importantes nesse processo”, cita.

Amazônia na mente e no coração

Ele que resolveu conhecer Amazônia em função das lembranças de infância durante o período de escola, das brincadeiras rabiscando, pesquisas de campo e das histórias contadas pelo seu avô já falecido teve logo em seu destino assim que chegou na região um contato direto com a floresta e permaneceu durante dois anos imerso nas matas em uma missão espiritual, pesquisa e contato com vários tipos de elementos ao longo do Rio Purus, período esse em que o mundo vivia os primeiros reflexos da pandemia.

“Resolvi vir pra Manaus conhecer a capital da Amazônia e a Zona Franca que meu finado avô nordestino e pichador (na época da ditadura) citava. Conheci o Raiz em um outro momento durante uma viagem e quando decidi vir para Manaus o reencontrei por aqui e ele quem me apresentou a cidade desde então sigo por aqui”, diz.

Xicolors adianta que tem alguns projetos para serem realizados em Manaus e que estão em sua pauta de prioridades, entre eles: um é estruturar uma Galeria Atelier no Centro Histórico de Manaus e promover intercâmbios de residência artística entre muralistas de outras cidades, por meio de exposições, oficinas e projetos apostando nessas manifestações e intervenções do gênero.

“O centro de Manaus está em balanço e reforçar essa integração com arte de rua e florestal, promovendo esse acesso mostrando para a comunidade estilos artísticos e dando oportunidade para esses irmãos que se dedicam a proliferação da arte é um primeiro passo, mas para isso é preciso o apoio de empresas e pessoas interessadas em viabilizar o projeto”, reforça. Ele também está produzindo uma pequena mostra de mini-quadros para o projeto “Te Encontro na Barroso”, programado para acontecer no dia 08 de maio, no Casarão de Ideias.

Por aqui, o muralista já começou a produzir alguns trabalhos, e finalizou recentemente em parceria com o muralista amazonense Ramon Fixo, a arte no mural do conhecido restaurante Lu kitut´s Delicias Regionais, localizado na rua Izabel, Centro e ponto de passagem obrigatória de amazonenses e turistas, que vem de longe conhecer suas iguarias. O mural foi inspirado na paisagem amazônica, com detalhes do amanhecer e anoitecer na região remetendo a uma verdadeira imersão na floresta e sua energia.

Segundo a proprietária, a gastrônoma e empresária, Luzete Caxias que também é artista plástica, a arte envolve tudo, a cultura, a natureza e todo o seu contexto. Para ela, o pintor, o artista visual só tem valor, infelizmente quando morre. Ela que interrompeu seu trabalho com as telas exposições e optou por investir na arte da gastronomia, hoje também abre oportunidades para artistas que assim como ela, emprestam seu talento com sua criatividade e amor pelo que fazem.

“Hoje já não estou mais realizando exposições, mas coloco meu amor na gastronomia, no prazer de ver um cliente satisfeito com meus salgados artesanais e regionais. A arte do Xico com o apoio do Ramon fixo mostra o quanto é importante investir nesses talentos”, conclui.

*Com informações da assessoria

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