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Javier Milei anuncia retirada da Argentina da OMS

O presidente confirma a retirada citando a gestão sanitária da pandemia como principal motivo

Presidente argentino, Javier Milei • Foto: 24/09/2024REUTERS/Mike Segar

O porta-voz de Javier Milei, Manuel Adorni, confirmou, na manhã desta quinta-feira (5), que a Argentina seguirá os passos de seu aliado Donald Trump e se retirará da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Casa Rosada, sede do governo argentino, enviou instruções ao Ministério das Relações Exteriores, liderado por Gerardo Werthein, para formalizar o processo.

A decisão foi justificada por “profundas diferenças sobre a gestão sanitária durante a pandemia”, especialmente com relação ao confinamento imposto durante a crise do Covid-19, que, segundo Milei, resultou em uma “das maiores catástrofes econômicas da história mundial”. “Não permitiremos que um organismo internacional intervenha em nossa soberania”, afirmou Adorni, refletindo a postura crítica do presidente.

Processo de retirada

Ainda não está claro como o governo argentino realizará a retirada da OMS. Não se sabe se será feito por meio de um decreto presidencial, o que aceleraria o processo, ou se a medida precisará passar pelo Congresso, o que poderia complicar a agenda do presidente. Até o momento, nenhum detalhe adicional foi fornecido.

Desde o início do governo de Milei, que teve início em 20 de janeiro, Buenos Aires já vinha planejando essa ação. Além da saída da OMS, a administração de Milei também estuda a possibilidade de retirar a Argentina do Acordo de Paris e de alterar o Código Penal argentino, removendo o entendimento de feminicídio.

Críticas

Durante a pandemia, Milei se destacou como crítico das políticas sanitárias, inclusive colocando em dúvida a eficácia das vacinas contra o coronavírus. No entanto, ele chegou a tomar a vacina. As críticas ao governo de Alberto Fernández, que implementou medidas restritivas de confinamento, foram constantes. Milei considera que essas ações, adotadas globalmente, prejudicaram gravemente as economias e as liberdades individuais.

Embora o porta-voz de Milei tenha garantido que a Argentina não receberia mais financiamento da OMS para suas ações de saúde pública, há preocupações de que a retirada da organização possa afetar o acesso a insumos, assistência técnica e redes de monitoramento de doenças. No caso dos Estados Unidos, por serem os maiores financiadores da OMS, a saída do país teria consequências mais amplas, afetando as capacidades de resposta da organização.

Guerra cultural

A decisão de Milei reflete também sua postura contra organismos multilaterais e suas políticas, alinhando-se à visão de figuras como Donald Trump. Milei é um crítico ferrenho da “agenda woke” e considera que as quarentenas globais e outras ações tomadas durante a pandemia foram “cavernícolas”, tendo gerado uma crise econômica global e enfraquecido a democracia e a legalidade.

Em seu livro “Pandemonics”, publicado em 2020, Milei descreve a crise do coronavírus como um momento de “perda de perspectiva”, algo que ele atribui a políticas desproporcionais adotadas globalmente. A obra, que inclui imagens de Milei, Trump, Xi Jinping e Bill Gates na capa, tem sido alvo de controvérsias, com acusações de plágio.

Retirada do acordo de paris

Além da saída da OMS, o governo de Milei também estuda a possibilidade de retirar a Argentina do Acordo de Paris. No entanto, essa decisão pode ser mais delicada, uma vez que poderia afetar os relacionamentos comerciais da Argentina com parceiros como a União Europeia e a OCDE, que têm uma agenda ambiental de grande relevância. Ministros como Luis “Toto” Caputo (Economia) e Gerardo Werthein (Relações Exteriores) estão avaliando a situação com mais cautela.

Com a retirada da OMS e possíveis mudanças em outras frentes, a administração de Javier Milei continua a implementar sua visão de um governo soberano e crítico das instituições internacionais. As consequências dessas decisões ainda estão por se revelar, e o futuro da política externa argentina permanece incerto.

(*) Com informações da Folha de São Paulo

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