A permanência de Carlos Lupi (PDT) à frente do Ministério da Previdência Social tornou-se incerta após a deflagração de uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) que investiga irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A investigação no órgão previdenciário desencadeou uma crise política, com a oposição articulando a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para desgastar o governo Lula (PT). Internamente, no Palácio do Planalto, o clima é de cautela e especulação sobre o futuro do ministro.

A avaliação de setores do governo é que a crise na Previdência representa um potencial obstáculo para a estratégia de reeleição do presidente Lula. Aposentados e pensionistas constituem um segmento crucial na base de apoio eleitoral do petista, e um eventual desgaste da imagem da gestão na área previdenciária poderia comprometer a conquista de votos nesse eleitorado. O suposto “descuido” de Lupi também levanta questionamentos sobre a narrativa do governo de evitar casos de corrupção em sua administração.

Curiosamente, nem mesmo a recente denúncia contra o então ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), conseguiu vincular a atual gestão federal a escândalos de corrupção, uma vez que as investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) se referem a atos praticados durante seu período como deputado federal.

Apesar da crescente pressão e da instabilidade no cargo, aliados de Carlos Lupi resistem à ideia de sua demissão. Nos bastidores, a narrativa de “fogo amigo” ganha força, com fontes próximas ao ministro sugerindo que a crise estaria sendo alimentada por setores interessados em enfraquecer o PDT dentro da base governista ou em assumir o controle da estratégica pasta da Previdência.

O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), afirmou nesta segunda-feira (28) que a permanência de Carlos Lupi à frente do Ministério da Previdência Social é “insustentável”.

“Diante da revelação de que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, foi informado há mais de um ano sobre as irregularidades nos descontos ilegais aplicados a aposentados, pensionistas e pessoas com deficiência, e ainda assim não tomou qualquer providência efetiva para cessar os crimes, a oposição vem a público exigir a imediata demissão do ministro”, afirmou o deputado Zucco em nota.

A articulação de uma CPI pela oposição eleva ainda mais a temperatura política em Brasília. A instalação de uma comissão de inquérito no Congresso Nacional poderia prolongar o desgaste do governo e expor fragilidades na gestão da Previdência, um tema sensível para a população.

O Palácio do Planalto, por ora, mantém silêncio oficial sobre o futuro de Carlos Lupi, mas a pressão interna e externa tende a aumentar nos próximos dias. A forma como o governo Lula irá gerenciar essa crise na Previdência poderá ter implicações significativas em sua base de apoio e em suas perspectivas para as próximas eleições.

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