Convidado a prestar esclarecimentos no Senado, o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz Maciel, afirmou, nesta quinta-feira (15), que a fraude envolvendo descontos indevidos em pensões e aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi consolidada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Entre 2019 e 2022 é que o ladrão entra na casa”, disse o ministro, ao apontar que empresas fraudulentas se credenciaram nesse período após o fim da revalidação das autorizações de descontos associativos.
A declaração foi feita durante audiência na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado. Wolney assumiu a pasta após a saída de Carlos Lupi, em meio ao escândalo.
MP de 2019 facilitou fraudes, afirma ministro
Wolney Queiroz destacou que a Medida Provisória (MP) 1.007, de 2019 — convertida na Lei 14.438/2022 —, foi determinante para o avanço das fraudes. A MP foi editada a partir de recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), após indícios de irregularidades, mas teve mudanças feitas pelo Congresso e foi sancionada sem vetos por Bolsonaro.
“Essa lei pôs fim ao instituto da revalidação […] Isso foi sepultado por essa MP e por essa lei, em 2022”, declarou.
Segundo o ministro, a ausência de revalidação permitiu que empresas fraudulentas ampliassem a atuação, fazendo os números crescerem significativamente em 2023 e 2024.
Governo Lula desarticulou o esquema, diz ministro
O ministro ressaltou que a atual gestão identificou e desmantelou a fraude. A operação foi deflagrada pela Advocacia-Geral da União (AGU) em abril de 2025, com apoio da Polícia Federal.
“Essas fraudes não começaram agora, mas terminaram neste governo. Foi o nosso governo, do presidente Lula, que mandou chamar a polícia”, afirmou Wolney.
Ele ainda informou que o governo bloqueou R$ 2,5 bilhões das entidades envolvidas para ressarcir aposentados que sofreram descontos irregulares.
Oposição tenta responsabilizar atual gestão
Senadores da oposição, como Sérgio Moro (União-PR), tentaram atribuir o escândalo ao governo Lula. Moro acusou Wolney de omissão, ao lembrar que ele ocupava a secretaria-executiva do ministério antes de virar titular.
“Além dos descontos subirem durante o governo Lula, há indícios veementes de pagamento de suborno a altos funcionários do INSS”, acusou Moro.
O ministro rebateu, afirmando que não era sua responsabilidade nomear os servidores citados e lembrou que Moro era ministro da Justiça em 2020, quando houve denúncia à Polícia Federal sobre irregularidades.
“Fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, retrucou Wolney.
Operação exigiu tempo e investigação, diz Wolney
Moro questionou o motivo de a operação ter sido deflagrada apenas em 2025. Wolney respondeu que, até então, o governo tinha apenas informações preliminares da imprensa e aguardava investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).
“Essa investigação durou praticamente dois anos. Se fosse simples, teria sido deflagrada ainda em 2023”, explicou o ministro.
Ele afirmou ainda que o Ministério da Previdência recebia do INSS informações indicando suposto endurecimento nos controles e redução das reclamações.
(*) Com informações da Agência Senado
Leia mais: INSS: Saiba como contestar descontos não autorizados
M.E
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