Enquanto o mundo se volta para os ataques entre Israel e Irã, a Faixa de Gaza segue mergulhada em um dos períodos mais letais da guerra. Nesta quarta-feira (18), mais de 140 palestinos morreram em ataques de Israel ao território, segundo autoridades locais.

Entre as vítimas, 14 acabaram baleadas enquanto aguardavam ajuda alimentar trazida pela ONU, na estrada Salahuddin.

A entrega de ajuda, já escassa desde o bloqueio por parte de Israel por quase três meses, passou agora a ser feita por uma nova fundação humanitária. Com apenas quatro pontos de distribuição, contra 400 sob a antiga coordenação da ONU, o sistema falha em alcançar grande parte dos 2 milhões de habitantes da região.

Fome, bombardeios e invisibilidade internacional

Desde o fim de maio, 397 palestinos morreram tentando acessar mantimentos, e mais de 3 mil ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

A maior parte da população acaboudeslocada, e a fome severa se espalha — com cenas de desespero em cada fila de distribuição de alimentos. Segundo relatos, sacos de farinha estão manchados de sangue.

O morador Adel, da Cidade de Gaza, resume a frustração:

“Quem não morre das bombas, morre de fome. E agora ninguém mais fala da gente. Tudo é Irã.”

A ofensiva militar israelense justifica as ações como parte de um esforço para “desmantelar o Hamas”, mas relatos de civis mortos durante tentativas de acesso a ajuda humanitária aumentam a pressão sobre Israel, acusado de crimes de guerra e genocídio.

Bloqueio, colapso e questionamentos éticos

Segundo levantamento local, quase 55 mil palestinos já morreram desde o início da guerra — mais de 2% da população.

A nova fundação humanitária impõe restrições antes de distribuir alimentos, verificando supostas ligações com o Hamas, o que infringe princípios humanitários básicos de neutralidade.

Em meio à violência persistente e à fome, cresce o apelo por uma solução política.

Moradores dizem que mesmo os bombardeios ao território israelense são vistos com ambivalência, pois “a cada dia da guerra, morrem dezenas de inocentes aqui também”.

Enquanto Israel e Irã trocam mísseis, Gaza morre em silêncio — dia após dia, sem pausa, sem manchete e com cada vez menos pão.

Horrores da Guerra em Gaza
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