Campanha “ricos x pobres” avança nas redes, mas não reverte baixa popularidade de Lula
A estratégia do governo federal de transformar o debate fiscal em um embate entre ricos e pobres ganhou tração nas redes sociais e nos atos de rua. No entanto, a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece baixa, segundo análise do especialista em comunicação digital André Eler, diretor técnico da Bites.
“É uma vitória muito relevante, mas precisa de recorrência. Não adianta vencer uma batalha por uma semana”, disse Eler, completando que “Se o governo vencer várias batalhas assim, pode reverter a imagem de ‘taxador’ para a de um Robin Hood.”
Nos últimos dias, o governo tem impulsionado conteúdos que associam o Congresso a interesses da elite econômica, enquanto tenta se firmar como defensor dos mais pobres. Vídeos com inteligência artificial, memes e conteúdos oficiais da Secretaria de Comunicação (Secom) reforçaram essa imagem nas redes sociais.
Mobilização nas ruas
A narrativa ganhou corpo com a ocupação simbólica da sede do Itaú BBA na Faria Lima, realizada pela Frente Povo Sem Medo, que levou faixas com os lemas “Chega de mamata” e “Taxação dos super-ricos já”.
Internamente, a ação foi vista como uma vitória comunicacional. Em paralelo, pesquisas diárias do Palácio do Planalto registraram leve aumento na percepção positiva do governo, conforme apuração de bastidores.
A ofensiva digital coincidiu com o recuo de figuras do Congresso, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Hugo Motta. Ambos passaram a adotar tom mais moderado após forte pressão social, especialmente nas redes.
Imagem segue frágil
Apesar da mobilização online e dos ganhos táticos, a avaliação popular de Lula ainda não acompanhou essa movimentação.
“Se for só essa batalha que o governo vencer, ela não significou absolutamente nada”, destacou Eler. Para o especialista, é necessário construir um ciclo de vitórias narrativas contínuas, que se instalem no imaginário coletivo e consigam atingir públicos além da base progressista.
Ele ressalta que campanhas como essa funcionam quando são reiteradas por vozes próximas das pessoas comuns — e não apenas por políticos ou militantes.
Haddad e o desafio de virar o jogo
Outro esforço do Planalto é reconstruir a imagem pública do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desgastado pelo apelido “Taxad”. A comunicação do governo tenta colar nele a identidade de quem “taxa os bilionários”, e não a classe média.
Mas o pacote fiscal, embora atinja os super-ricos, também impacta diretamente quem consome no exterior, aplica em investimentos ou mantém previdência privada. Isso dificulta a adesão popular mais ampla à narrativa.
Embate narrativo
A campanha “ricos x pobres” ajudou o governo a emparedar o Congresso, conter danos e abrir espaço para o debate sobre justiça fiscal. Mas, como ressalta Eler, ainda não foi suficiente para reverter a impopularidade do presidente nem para consolidar a narrativa como um consenso social.
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