Durante 12 dias, o Grupo de Pesquisa Química Aplicada à Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (GP-QAT/UEA) realizou a terceira expedição fluvial do Programa de Monitoramento da Água, Ar e Solos do Amazonas (ProQAS/AM). No total, 54 pontos da bacia do rio Madeira foram analisados por cientistas para coletar dados, identificar alterações e possíveis alertas ambientais.
A campanha Iriru 3 percorreu mais de 1.700 km do rio Madeira, analisando 164 parâmetros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre a qualidade da água, peixes e sedimentos. O estudo abrange municípios como Borba, Manicoré, Humaitá, Nova Olinda do Norte, Urucurituba e Novo Aripuanã, essenciais para o desenvolvimento econômico e ambiental da região.
A maior parte das amostras será estudada nos laboratórios da Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA), enquanto análises de mercúrio e metilmercúrio serão conduzidas em parceria internacional com a Harvard John A. Paulson School of Engineering and Applied Sciences, em Boston, nos EUA.
A iniciativa da UEA conta com apoio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Grupo Atem, Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) e CNPq.
Resultados preliminares
Os dados obtidos revelam alterações químicas, físicas e biológicas nos ecossistemas aquáticos, permitindo mapear a distribuição de contaminantes e identificar trechos do rio com maior vulnerabilidade ambiental. Os resultados também apoiam ações de prevenção de impactos à saúde das populações locais e o planejamento de medidas de conservação de longo prazo.
O coordenador do ProQAS/AM, professor Duvoisin Junior, destaca que a infraestrutura laboratorial do GP-QAT permite acompanhar alterações em múltiplos parâmetros ambientais e identificar contaminações em diferentes espécies e ambientes. O reitor da UEA, André Zogahib, ressalta que o trabalho fortalece a capacidade da universidade de gerar informações estratégicas sobre fenômenos ambientais complexos.
Coleta de amostras e análises
A equipe de oito profissionais realizou paradas estratégicas em municípios e comunidades ribeirinhas para dialogar com moradores e pescadores sobre o consumo de peixes e origem do pescado. Foram coletadas espécies como jaraqui, pacu, matrinxã, traíra e sardinha.
A embarcação “Roberto dos Santos Vieira”, equipada com quatro laboratórios, permitiu análises físico-químicas e microbiológicas em tempo real, incluindo coliformes totais e termotolerantes, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), nitrogênio total, fosfato, metais solúveis e em suspensão, entre outros parâmetros.
Contaminação por mercúriotoExpedições anteriores indicam que a contaminação por mercúrio está ligada ao garimpo ilegal, prática que gera turbidez, assoreamento e contaminação de peixes e sedimentos. A engenheira ambiental Silvana Silva ressalta que o monitoramento contínuo oferece dados para ações preventivas e educativas junto às comunidades.
O biólogo Adriano Nobre reforça que os resultados orientam políticas públicas e programas de preservação, contribuindo para o uso sustentável dos recursos naturais e a conscientização das comunidades.
O GP-QAT já planeja quatro novas campanhas para 2026, ampliando o diálogo com a sociedade e o poder público para promover o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e o bem-estar das populações da Amazônia.
Leia mais:
Lancha vai ajudar no monitoramento da qualidade da água em praias de Manaus
