O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou nesta sexta-feira (26) que deixará o cargo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora tenha manifestado desejo de continuar à frente da pasta, Sabino cedeu à pressão do União Brasil, partido ao qual é filiado.

“A minha vontade era clara: continuar o trabalho que vinha fazendo na pasta”, afirmou o ministro ao comunicar sua decisão.

União Brasil pressiona ministros

O União Brasil havia dado um prazo de 24 horas para que todos os seus filiados deixassem cargos no governo, sob pena de “infidelidade partidária”. O prazo terminou em sexta-feira passada (19), mas Sabino permaneceu no cargo além da data.

Segundo o ministro, ele continuará no governo até quinta-feira (2), a pedido do presidente Lula. Na ocasião, ele participará da entrega de obras para a COP30, que ocorrerá em Belém (PA).

“O presidente pediu que eu o acompanhasse nessa missão na próxima quinta-feira e assim nós vamos estar […] Vou como ministro ainda”, disse Sabino.

Participação na COP30 adia saída oficial

Paraense, Sabino tem papel de destaque na organização da COP30, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro. Ele lidera negociações com a rede hoteleira e logística do evento, considerado estratégico para o governo.

A saída forçada do ministério impacta diretamente os planos eleitorais do ministro, que tem como objetivo disputar uma vaga no Senado pelo Pará em 2026.

Sabino informou a Lula que deixaria a pasta ainda na semana passada. O presidente, no entanto, pediu mais tempo para tentar uma negociação com a direção do União Brasil.

A ideia seria que o ministro se licenciasse do partido até abril de 2026 — prazo limite de desincompatibilização eleitoral. Assim, poderia permanecer no ministério até essa data e, depois, retornar ao partido com apoio de Lula para a disputa eleitoral.

“Eu vou seguir conversando com a liderança do meu partido, apresentando todas as razões que eu expliquei aqui para vocês e nós vamos continuar o diálogo”, declarou Sabino ao anunciar que entregou a carta de demissão.

União Brasil x Governo: crise interna se intensifica

O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, exigiu o desligamento imediato de todos os filiados do partido que ocupam cargos no Executivo. A tensão cresceu após a revelação de que o nome de Rueda foi incluído em investigação da Polícia Federal, que apura infiltração do PCC em setores estratégicos do país, como combustíveis e finanças.

Rueda acredita que o governo federal vazou intencionalmente a informação, gerando desgaste político interno no partido e intensificando os atritos com o Planalto.

(*) Com informações da CNN Brasil

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