O Amazonas está entre os estados que passaram a registrar presença significativa do Comando Vermelho (CV) após a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro. Segundo o coordenador-geral de Análise de Conjuntura Nacional da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Pedro de Souza Mesquita, essa iniciativa teria funcionado como uma “fagulha” que impulsionou a expansão da facção para outros estados do país.
Mesquita explicou à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, nesta quinta-feira (6), que a instalação das UPPs forçou líderes do CV a deixarem o Rio de Janeiro, buscando reorganização em regiões como o Amazonas, Tocantins, Pará, Rondônia e Santa Catarina. “A fagulha desse processo é uma externalidade negativa do próprio projeto de UPP”, afirmou durante a audiência.
De acordo com o coordenador da Abin, a ampliação do Comando Vermelho ocorreu em função de alianças estratégicas com grupos locais, oferecendo acesso a armas e drogas, o que descentralizou a cadeia de comando e facilitou a proliferação da facção. No Norte, destacou Mesquita, apenas Roraima e Amapá não registram o CV como principal grupo criminoso, enquanto o Amazonas concentra uma presença relevante da facção.
O especialista também ressaltou a expansão transnacional do Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua em 28 países, com mais de 2 mil membros, destacando a diferença de estratégias entre as duas organizações. Enquanto o CV se consolidou nacionalmente, o PCC amplia seu campo de ação internacional desde 2016, conquistando territórios e ampliando sua rede criminosa.
O governo do Rio de Janeiro, por sua vez, afirmou que a expansão do CV não pode ser atribuída exclusivamente às UPPs. A Secretaria Estadual de Segurança Pública explicou que a ocupação territorial foi realizada sem políticas públicas integradas, levando parte dos criminosos a se deslocar para outros estados, incluindo o Amazonas, o que contribuiu para a nacionalização da facção.
Mesquita concluiu que a situação evidencia a necessidade de coordenação entre os governos federal, estadual e municipal no combate ao narcotráfico e à expansão das organizações criminosas pelo país.
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