Itú (SP) – Os pais do menino de 11 anos encontrado com sinais de tortura e maus-tratos em Itu (SP) teriam saído de casa após receberem ameaças do “tribunal do crime” do PCC, o Primeiro Comando da Capital, uma das maiores facções criminosas do Brasil.
Um tio da vítima, irmão do pai da criança, afirmou em entrevista à Record TV que a família não sabia sobre as agressões contra o garoto e aguarda a decisão do Conselho Tutelar sobre o futuro do menor, justificando que as ameaças da organização levaram à fuga dos suspeitos, que são alvos de um mandado de prisão preventiva.
“Tem que sair. Qual a pessoa que está ameaçada de morte pelo tribunal do PCC e que não sairia? Eu mesmo sairia. Só não vou divulgar quem é [que está ameaçando], não vou expor quem é, porque não vou colocar minha segurança em risco”, afirmou o homem, que não teve o nome revelado, ao ser questionado sobre a razão que levou os suspeitos a deixarem a casa onde moravam com a vítima e o filho mais novo, de três anos.
A suspeita é de que o menino sofria violência física e psicológica praticada pelos pais há pelo menos cinco anos. Apesar da alegação do tio de que não sabia sobre os maus-tratos, uma ex-cunhada do pai da criança afirmou que os parentes estavam cientes das torturas contra a vítima. Ela ainda declarou à TV paulista que o casal perdeu um terceiro filho, que morreu por asfixia.
Segundo a mulher, que pediu para não ter o nome revelado, o menino de um ano teria morrido após a mãe colocar uma fralda de pano em sua boca, na intenção de abafar o choro do bebê. Na época, a vítima resgatada essa semana tinha dois anos e já apresentava marcas e queimaduras pelo corpo, relatou ela.
Pai ameaçou “cortar dedos” de vítima
O Conselho Tutelar recebeu a denúncia sobre as agressões na segunda-feira (2) e foi até um local indicado para resgatar a criança. Na ocasião, o pai teria ameaçado “cortar os dedos” do menino de 11 anos com um facão depois que ele pediu R$ 4 para comprar um pão de queijo, o que teria irritado o suspeito.
A criança conseguiu fugir da residência dos pais e relatou as agressões sofridas para um amigo, que pediu ajuda para vizinhos. Segundo a vítima, as agressões começaram quando ele tinha sete anos e incluíam enforcamento com fio, golpe de facão no corpo, tapas e socos.
Ainda de acordo com o relato, para que vizinhos não ouvissem os seus gritos, o pai o levava para uma área abandonada. O menor disse que tinha medo de os pais serem presos e ele ser encaminhado a um abrigo, por isso não os denunciava. O menino foi acolhido pelo Conselho Tutelar e está sob a tutela do estado. Ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba (SP) para avaliar os ferimentos.
Segundo a Polícia Civil, o pedido de prisão preventiva dos pais foi qualificado como tortura, lesão corporal e abandono de incapaz. O caso corre em segredo de Justiça.
*Com informações do UOL
Edição Web: Bruna Oliveira
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