O presidente Lula (PT) telefonou nesta terça-feira (2) para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e tratou do combate ao crime organizado. Sem mencionar interferências americanas na Venezuela, Lula pediu cooperação dos EUA para ampliar ações contra facções.

Segundo o Planalto, a ligação durou 40 minutos e abordou temas da agenda comercial e econômica. Lula considerou “muito positiva” a decisão dos EUA de retirar a tarifa adicional de 40% aplicada a produtos brasileiros como carne, café e frutas.

“[Lula] Destacou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal com vistas a asfixiar financeiramente o crime organizado e identificou ramificações que operam a partir do exterior. O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas”, diz nota do governo brasileiro.

Os dois presidentes concordaram em retomar a conversa em breve para avaliar o avanço das iniciativas bilaterais.

Operações americanas no Caribe e tensões com a Venezuela

Os Estados Unidos mantêm desde agosto uma operação antidrogas no Caribe, conforme carta do presidente venezuelano Nicolás Maduro divulgada no domingo (30). A ação inclui navios, caças, milhares de militares e o maior porta-aviões do mundo. Caracas afirma que o objetivo não é combater o narcotráfico, mas derrubar o regime.

Em 21 de novembro, durante ligação com Maduro, Trump teria rejeitado uma série de pedidos apresentados pelo ditador. A conversa ocorreu após meses de crescente pressão dos EUA sobre a Venezuela.

Lula cobra revisão de outras tarifas impostas aos produtos brasileiros

No telefonema desta terça, Lula voltou a tratar do tarifaço e afirmou que ainda há outros produtos tarifados que precisam de negociação. O presidente reforçou a intenção do Brasil de acelerar as conversas e buscar avanços rápidos.

Nesta semana, documento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) destacou que interferências externas e a atuação do crime organizado representam riscos para o processo eleitoral de 2026. As conclusões estão no relatório “Desafios da Inteligência — Edição 2026”, que apresenta riscos diretos e indiretos à segurança nacional para o próximo ano.

A pauta do combate ao crime organizado ganhou força após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos. O governador Cláudio Castro (PL) entrou em conflito com o governo federal e acusou a gestão Lula de não oferecer apoio suficiente à segurança pública dos estados.

Em resposta, o governo acelerou a tramitação de proposições de autoria da gestão petista no Congresso.

PEC da Segurança e PL Antifacção dividem governadores e oposição

A PEC da Segurança Pública, proposta pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pretende centralizar no Executivo diretrizes de segurança que os estados devem seguir. A medida enfrenta resistência de governadores.

Paralelamente, o PL Antifacção se tornou centro de embates entre governo e oposição, após alterações feitas pelo relator Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança licenciado de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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