A morte de Benício Xavier, de 6 anos, após a aplicação incorreta de adrenalina no Hospital Santa Júlia, em Manaus, completa um mês nesta terça-feira (23). Desde então, a Polícia Civil mantém o inquérito em andamento.

Passados 30 dias, as principais investigadas continuam afastadas das funções. Além disso, a Justiça ainda não decretou prisões relacionadas ao caso.

A seguir, veja o que a investigação já esclareceu e quais pontos seguem sob apuração.

O que aconteceu com Benício

Benício morreu em 23 de novembro após receber adrenalina diretamente na veia durante atendimento hospitalar. De acordo com a Polícia Civil, a equipe utilizou uma via e uma dosagem inadequadas para o quadro clínico da criança.

Logo após a aplicação, o menino sofreu múltiplas paradas cardíacas. Apesar disso, as equipes tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu.

Principal erro apontado pela polícia

Segundo os investigadores, o erro ocorreu tanto na prescrição quanto na aplicação da adrenalina por via intravenosa. Além disso, o protocolo médico indicava outra via e dosagem. Como consequência, o estado de saúde da criança piorou rapidamente.

Quem são as investigadas

A médica Juliana Brasil, responsável pela prescrição, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, que aplicou a medicação, figuram como principais investigadas. Por decisão judicial, a Justiça afastou as duas por 12 meses e proibiu o exercício profissional nesse período. Até o momento, não há prisões decretadas.

O que dizem os depoimentos

Em depoimento, a médica admitiu que errou ao prescrever a adrenalina por via intravenosa. Além disso, afirmou que a administração correta deveria ocorrer por outra via. Ainda assim, declarou surpresa com o fato de a equipe de enfermagem não questionar a prescrição.

Por outro lado, a defesa da médica sustenta que uma falha no sistema do Hospital Santa Júlia alterou automaticamente a via do medicamento durante instabilidades no dia do atendimento.

Já a técnica de enfermagem afirmou que seguiu a prescrição médica ao aplicar a adrenalina sem diluição. Segundo ela, informou a mãe da criança sobre o procedimento e, logo depois, Benício apresentou palidez, dor no peito e dificuldade para respirar.

Pessoas ouvidas na investigação

Até agora, a Polícia Civil ouviu mais de 20 pessoas. Entre elas, estão os pais de Benício, as investigadas, médicos, enfermeiros e representantes do hospital.

Outras linhas de apuração

Além do erro na medicação, a polícia investiga possíveis falhas durante a intubação. Enquanto isso, os investigadores analisam suspeitas de adulteração do prontuário médico após a morte da criança. Segundo testemunhas, podem ter ocorrido alterações nos registros do atendimento.

Hospital também é investigado

Paralelamente, o inquérito apura a responsabilidade do Hospital Santa Júlia quanto à estrutura, aos protocolos de segurança e ao sistema de prescrição.

O fundador da unidade, Édson Sarkis, prestou depoimento e afirmou que o hospital adota protocolos de segurança e dupla checagem. No entanto, segundo ele, a enfermeira responsável por esse protocolo não foi acionada durante o atendimento.

Medidas judiciais adotadas

Até o momento, a Justiça negou pedidos de prisão preventiva. Ainda assim, manteve o afastamento das investigadas e autorizou o avanço das apurações.

No dia 18 deste mês, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa da médica Juliana Brasil Santos. Durante a ação, os agentes apreenderam o celular da profissional, documentos e um carimbo que indicava especialidade em pediatria, embora ela não possua o título oficialmente reconhecido.

O que pede a família

Por fim, a família de Benício cobra justiça, responsabilização dos envolvidos e mudanças para evitar novas mortes por erro médico. Desde a morte da criança, familiares e apoiadores realizaram manifestações em Manaus.

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