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Desaparecimento

Após desaparecimento de indigenista e jornalista inglês, políticos do AM pedem mais fiscalização

Segundo os parlamentares, a fiscalização em áreas como a do Vale do Javari é essencial para evitar novos casos de desaparecimento

Manaus (AM) – Parlamentares do Amazonas mostram preocupação com o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips. Para eles, a fiscalização em áreas como a do Vale do Javari é essencial para evitar novos casos parecidos, assim como é importante para coibir as atividades ilegais como o garimpo e a extração de madeira em regiões de terra indígena.

O deputado federal Zé Ricardo (PT), informou ao Em Tempo que tem acompanhado a movimentação nas buscas do governo federal pelo jornalista e pelo indigenista. Conforme o deputado, indígenas da região do Atalaia do Norte, a 1,3 quilômetros de Manaus, assim como do Conselho Indigenista Missionário (Cime) e a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), informaram para ele que as buscas realizadas pelos órgãos federais não estão amplamente engajadas.

“O que eu escuto de reclamações de Atalaia, inclusive relatados pelo Cime, que está ouvindo lideranças da Unijava, é de que os indígenas estão aí fazendo a busca também, mas que o governo federal não está sendo tão intenso e que, portanto, deixaria ter uma ação mais efetiva. Eu acho que o governo precisa realmente ser bem mais efetivo nesse sentido”,

explicou o deputado.

Assim, segundo o deputado, para tentar ampliar e acelerar as buscas, muitas organizações e grupos indígenas também participam das buscas para dar reforço, algo que reflete a participação da sociedade civil.

Já o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), identifica a área do Vale do Javari como uma região em que o estado está ausente. Como consequência, para ele, outros grupos não pertencentes aos órgãos de autoridade começam a avançar nestes lugares.

“Não há espaço vazio. Onde o espaço está vazio por parte do estado, um estado paralelo toma conta e lá existem madeireiros ilegais, garimpeiros ilegais. O narcotráfico corre solto, a cocaína que é distribuída no Rio de Janeiro e em São Paulo entra no Brasil pela fronteira da Colômbia com o Peru. Isso aí todos nós aqui sabemos. Lamento que o governo brasileiro, cada vez mais, se ausente daquela região”,

analisou o deputado estadual.

Por outro lado, o senador Plínio Valério (PSDB), avalia o empenho de órgãos federais, como a Marinha e o exército brasileiro, de forma positiva.

“Até onde eu sei, a Marinha está dando todo apoio nessa busca toda, assim como o exército. Eu vejo essa mobilização salutar que não está sendo reconhecida, mas o exército e a Marinha estão dando a sua parcela sim de colaboração.”, declarou o parlamentar.

O indigenista Bruno Araújo Pereira, licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês e corresponde do jornal The Guardian, Dom Philips estão desaparecidos, desde o último domingo (5), na região do Vale do Javari, a 1,240 mil quilômetros da capital amazonense. O último contato registrado oficialmente dele foi na tarde do domingo na comunidade de São Rafael.

Local de risco

De acordo com o deputado Serafim Corrêa, a região da tríplice fronteira que envolve o Peru, Colômbia e Brasil, onde fica localizado o Vale do Jari, local onde o jornalista e indigenista desapareceram, é uma área de grande risco, pois não tem um grupamento da marinha e de outras instituições com ferramentas necessárias para fiscalizar a fronteira em superfície de água, como as embarcações.

“Diante disso é uma área de risco. É nesse sentido que os dois estão desaparecidos. Eu me solidarizo com a família. A presença do estado brasileiro na região, com barcos da Marinha, guarnecendo a nossa fronteira líquida é importante, assim como a ampliação da presença do exército e a presença da aeronáutica. As nossas forças precisam policiar e garantir as nossas fronteiras, garantir a presença do Estado brasileiro nas nossas fronteiras”,

pontuou o deputado.

Ao encontro, o deputado federal Zé Ricardo também observa que a região do Vale do Javari é marcada por muitos conflitos. Dessa forma, subscreveu uma proposta de uma comissão externa para levar um grupo de parlamentares para investigar as ameaças em terras indígenas e colaborar com as buscas.  

“A gente está cobrando a mesa diretora para ser aprovado para poder ter um acompanhamento in loco de um grupo de parlamentares em relação a essas buscas e às investigações”, disse.

Já para o senador Plínio Valério, o problema nas regiões amazônicas são os chamados “cadeados ambientais”, que impedem o livre comércio no local.

“Eu acho que tem que acabar com essa hipocrisia de que na Amazônia não se pode fazer nada. Permitir onde pode ser permitida a atividade e proibir onde tem que ser proibida e dar mais atenção a fronteira. Isso significa dar mais atenção ao caboclo, ao ribeirinho que no fundo é ele que garante nossas fronteiras”, ressaltou.

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