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Casamento

370 casais dizem ‘sim’ em maior casamento coletivo da história de Maués

Para eles, o momento representa segurança jurídica e a realização de um sonho.

Manaus (AM) – A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), em parceria com a prefeitura de Maués, realizou o maior casamento coletivo da história da cidade, no último fim de semana, dias 11 e 12 de junho, na cidade e na aldeia indígena, Sateré-Mawé.

Ao todo, 370 casais oficializaram a união através da cerimônia civil. O Ministério Público do Estado (MPE-AM) e o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) também participaram do evento.

A ação foi dividida em duas etapas. Na primeira, no último sábado (11), 255 casais oficializaram a união no ginásio Deodato de Miranda Leão, na sede do município de Maués.

No domingo, Dia dos Namorados, 115 casais do povo indígena Sateré-Mawé participaram da cerimônia na comunidade Vila Nova 2.

De acordo com o defensor público-geral, Ricardo Paiva, o papel da Defensoria foi essencial para que os casais conseguissem a gratuidade das taxas cartorárias, bem como a atualização de documentos necessários para a habilitação do casamento civil.

“Existia uma dificuldade muito grande que é o pagamento do processo de habilitação do casamento civil, porque ele é muito caro, e nem todo mundo tem condições financeiras para arcar com esses custos. Então, nós recebemos as solicitações e fizemos a interlocução com o Poder Judiciário para conseguirmos as gratuidades, e isso permitiu a realização do evento”,

explicou Paiva.

O defensor público Daniel Bettanin, que atua no Polo de Maués, disse que a defensoria pública auxiliou na emissão de documentos necessários para o processo de habilitação como certidão de nascimento atualizada. Com o casamento oficializado, os casais passam a ter a oportunidade de regularizar questões de família, além de ter acesso a programas e benefícios sociais, como a aposentadoria.

“Auxiliamos na coleta de certidões de nascimento faltantes, na divulgação e na montagem das cerimônias. Essa era uma demanda antiga do município, porque muitos casais tinham o interesse de oficializar e registrar a união, mas enfrentavam muitas barreiras, principalmente os casais indígenas que têm mais dificuldade para acessar o sistema de justiça e cartorário, além de barreiras geográficas e linguísticas”,

relata.

Emoção à flor da pele

Depois de 46 anos juntos, e sete filhos, o casal Mizael da Fonseca, 87, e dona Maria Batista, 65, finalmente oficializaram a união. Para eles, o momento representa segurança jurídica e a realização de um sonho.

“A gente tinha que resolver esse negócio de casar. ‘Solteiro’ a gente não tem segurança de nada, casados a gente tem. Eu pedi e ele não teve como fugir, porque eu não deixei”, brincou dona Maria. “São 46 anos convivendo e sempre quis ter esse momento. Estou muito feliz”, disse ela. “Agora é só felicidade. O que a gente tinha de passar, já passamos. Não tivemos a oportunidade antes, mas agora ela chegou”

disse o seu Mizael.

Momento histórico de representatividade

Para o casal Jota Pantoja, 28, e Poliana Freitas, 25, o dia do “sim” foi marcante não só pelo casamento em si, mas também pela representatividade. Eles formam o primeiro casal homoafetivo a realizar o casamento civil em Maués.

“Nós tínhamos esse sonho há muito tempo, porque estamos juntos há seis anos, mas não sabíamos que podíamos casar no civil. Foi quando eu procurei me informar e descobri que nesse evento eu poderia, sim, reafirmar o meu compromisso com a mulher da minha vida. Estou muito feliz por esse momento”

afirmou Jota.

Casamento indígena: tradição, cultura e am

No domingo, 12/6, e Dia dos Namorados, a comunidade Vila Nova 2, também foi palco do primeiro casamento indígena da cidade e oficializou a união de 115 casais Sateré-Mawé. A cerimônia foi celebrada em português e sateré, com a presença dos tuxauas da região, com danças e músicas, respeitando a diversidade cultural.

Quem comemorou bastante a celebração foi a dona de casa Maria da Conceição, que conseguiu casar de uma só vez os cinco filhos homens que tem. “Do mais novo ao mais velho, os meus cinco filhos estão nesse casamento e eu estou muito feliz por isso. Queria que isso acontecesse porque o casamento é bom e a família tem que crescer”, disse ela. veja abaixo, registros das cerimônias:

*Com informações da assessoria





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