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Saneamento básico

Cerca de 25% da população de Manaus tem acesso ao tratamento de esgoto

Hoje, o contrato de concessão dos serviços de saneamento básico, que compreendem abastecimento de água e tratamento de esgoto, é com a Águas de Manaus. A capital se encontra nas últimas colocações do Ranking do Saneamento Básico 2021, do Instituto Trata Brasil (ITB)

Concessionária Águas de Manaus promete investimento e melhorias em até 8 anos. Foto: Reprodução/Prefeitura de Manaus

Manaus (AM) – Manaus se encontra nas últimas colocações do Ranking do Saneamento Básico 2021 do Instituto Trata Brasil (ITB). O problema, no entanto, não é só da capital amazonense, mas de toda a região Norte. Apesar da posição indicar que Manaus apresenta déficits na distribuição de tratamento de esgoto, resíduos sólidos e água tratada, a cidade demonstrou melhoras nos últimos anos, ao ponto de subir posições na lista do ITB.

A região Norte é a que menos oferece saneamento básico para a população, segundo os dados do Ranking da Associação Brasileira de Engenharia e Ambiental (Abes). Indo nesse sentido, com mais de dois milhões de habitantes, Manaus figura como a 7ª maior cidade do Brasil e a mais populosa da região Norte. Da totalidade demográfica, apenas 25% da cidade têm acesso ao tratamento de esgoto, o que representa 617 mil pessoas, conforme os dados da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman).

Segundo a Ageman, cerca de 71 localidades, entre conjuntos, bairros e residenciais da capital do Amazonas, recebem cobertura de tratamento de esgoto.

Já em relação aos serviços de abastecimento de água tratada, os dados mostram uma situação melhor: aproximadamente 98% da população tem acesso ao fornecimento de água, dando um total de 2,4 milhões de pessoas. Além disso, conforme a Ageman, todos os 61 bairros oficializados em 2010 pela Prefeitura de Manaus são contemplados pelo serviço.

Papel da Águas de Manaus

Hoje, o contrato de concessão dos serviços de saneamento básicos, que compreendem abastecimento de água e tratamento de esgoto, é com a Águas de Manaus, desde 2018.

Os índices de saneamento básico de Manaus são um dos mais baixos do país, colocando a cidade na 81ª posição das 100 maiores cidades do Brasil, de acordo com a lista formulada pelo Instituto Terra Brasil (ITB) 2021, que se baseia nos dados levantados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2019.

Porém, de 2020 para 2021 a cidade subiu sete posições, saindo do 97º lugar que ocupava em 2020. Conforme os dados da SNIS, uma das melhorias foi o acesso de água tratada que aumentou sua pontuação de 2018 e 2019. A coleta de esgoto também aumentou sua pontuação no período.

Segundo a concessionária Águas de Manaus, por meio dos investimentos previstos para os próximos anos, Manaus receberá 45% da cobertura de esgotamento em 2025 e subirá para 80% em 2030. Também informam que mais 30 comunidades da capital vão receber estrutura de água tratada.

Qualidade de vida afetada

O problema de Manaus com o saneamento básico é antigo. Conforme a pesquisa “Saneamento básico de Manaus e as doenças provenientes”, após a implementação da Zona Franca de Manaus (ZFM) na década de 60, a cidade atraiu diversos imigrantes que se interessaram com a promessa de crescimento econômico. Porém, a metrópole não estava preparada para o rápido crescimento populacional.

“Com um número crescente descontrolado, acabou por acarretar em um despreparo nos serviços básicos ofertados, na infraestrutura urbana, no saneamento básico, assim como no surgimento de problemas socioambientais e enfermidades provenientes dela”, diz a pesquisa desenvolvida pela biomédica Andreia Castro. Algumas doenças provenientes da falta do saneamento básico podem levar à morte.

Após décadas, o saneamento básico ainda é um imbróglio que afeta diretamente a qualidade de vida de parte da população em Manaus que não tem acesso ao tratamento de esgoto e a água tratada.

Infraestrutura e saúde afetadas

De acordo com o médico infectologista Nelson Barbosa, a ausência de saneamento básico contribui para o aumento de doenças relativas ao espaço hídrico contaminado por patógenos, sendo as crianças e os idosos os maiores grupos de risco.

“As principais doenças de veiculação hídrica são as parasitoses, como as amebíases e ascaridíases. Assim como as diarreias de origem bacteriana, a cólera, a hepatite A e o rotavírus. A ascaridíase em criança e nos idosos é uma das mais graves porque o verme pode sair do intestino e ir para outras partes do organismo. Por exemplo, pode entupir a vesícula biliar, pode ir para o pulmão e matar a pessoa”, explica.

O médico acrescenta que se o quadro do infectado for leve é recomendado que ele procure uma Unidade Básica de Saúde. Porém, se agravar, o ideal é procurar a Fundação de Medicina Tropical ou qualquer Pronto-Socorro da capital.

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