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Mineração no Amazonas

MPF pede suspensão de licença a Potássio do Brasil para exploração mineral no Amazonas

O motivo do pedido seriam as pressões que estariam sendo feitas pela empresa Potássio do Brasil para que o povo indígena Mura, em Autazes, deixem a região em razão da exploração da silvinita

Índios Mura
Índios Mura lutam contra mineração em área indígena

Autazes (AM) – O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal que suspenda a licença concedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) ao empreendimento de mineração da Potássio do Brasil e outras licenças expedidas por órgãos ambientais para atividades de pesquisa e exploração na região de Autazes, a 113 quilômetros de Manaus, incluindo a Terra Indígena Soares/ Urucurituba.

O motivo do pedido seriam as pressões que estariam sendo feitas pela empresa Potássio do Brasil para que o povo indígena Mura, em Autazes deixem a região em razão da exploração de minério de silvinita que está sendo coordenada pela empresa.

O MPF também quer a suspensão da consulta prévia, livre e informada ao povo Mura em relação às atividades de mineração pretendidas pela empresa com impacto nas terras indígenas até o julgamento definitivo da ação civil pública nº 1015595-88.2022.4.01.3200, destinada a obrigar a Fundação Nacional do Índio (Funai) a concluir processo administrativo de demarcação da Terra Indígena Soares/ Urucurituba, ocupada há mais de um século pelos indígenas.

Na referida ação, há decisão liminar, proferida no dia 12 de setembro, determinando a criação de um grupo de trabalho para realizar estudos de identificação e delimitação do território indígena.

De acordo com inspeção judicial realizada no dia 29 de março de 2022, a base de exploração e perfuração do empreendimento incide sobre áreas tradicionais, onde são realizadas atividades e coleta de frutos (uxi, buriti, tucumã, açaí, patauá, entre outros), extrativismo da castanha, além da caça e da pesca.

Conforme o próprio dirigente da Potássio do Brasil e a liderança indígena da aldeia Soares, as estruturas minerárias seriam construídas a aproximadamente dois quilômetros da área de moradia e dentro do território de uso tradicional do povo Mura.

A petição do MPF para a suspensão foi apresentada no âmbito da ação civil pública nº 0019192-92.2016.4.01.3200 e aguarda decisão judicial.

Relatos de coação

Conforme o MPF, há vários elementos que configuram a existência de pressão e coação irregulares pela empresa e prepostos para a desocupação indígena em Autazes.

Os relatos, já evidenciados na imprensa, também foram confirmados durante a inspeção judicial realizada em março deste ano apontando o contínuo assédio sofrido pelos indígenas pela “venda” do território em que vivem e usam para o próprio sustento.

Um dos indígenas ouvidos afirma que “nasceu nessa terra e que não quer sair dela, onde tem agricultura, mas que já está cercado pelos lotes vendidos”.

Outro habitante de 83 anos informou ter recebido várias visitas de pessoas que supostamente representavam a Potássio do Brasil, com o objetivo de comprar as terras em que vivia.

Um desses representantes foi insistente e chegou a dizer que o indígena “tem que vender” e que, se não vender, “o senhor vai perder”.

Ainda segundo o relato do indígena ancião, o suposto representante da empresa disse que, caso não seja vendida, a área não servirá para plantio.

Não vai mais prestar para plantar a maniva, não vai prestar para plantar o cará. Nem batata e nem banana, porque a terra vai secar e não presta. E daí, se o senhor teimar, o governo vai dar o despejo para vocês”, teria dito o suposto representante da empresa.

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