Em um de seus artigos jornalísticos o padre salesiano Giancarlo Isoardi diz: “No plano teológico, os dez mandamentos são um exemplo de moral. As bem-aventuranças evangélicas, um exemplo de ética”. complementaria eu esta assertiva dizendo: E as mal-aventuranças são um alerta à corrupção.
Sim, porque as mal-aventuranças de Jesus no evangelho de Lucas com o “ai de vós ricos… ai de vós fartos de agora… ai de vós quando vos louvarem todos os homens…” significam um anátema aos corruptos e a essa civilização que valoriza mais o ter do que o ser.
Onde a riqueza ilícita, o poder a qualquer preço, as honrarias sem limites, e as glórias dos césares são o máximo ideal dos políticos de nosso país.
Passam por cima da ética olvidando-se que a vida é como a subida das montanhas. Ao seu cume só chegam as águias e os répteis. Ou os vôos altos, ou o rastejar.
É necessário ter consciência moral. E não optar em ser um réptil.
Lamentável o que ocorre no Senado Federal. Ali estão os homens públicos escolhidos pelo voto, para representar o povo brasileiro nos seus mais prementes anseios.
Homens de inteligências reconhecidas e que se usadas em prol dos cidadãos, estes não estariam, no momento, compondo essa quinta divisão da humanidade que os entroniza no mundo das injustiças sociais, dos miseráveis e das migalhas.
Num mundo que mais se parece à ante-sala do inferno, seria valiosíssimo o conhecimento do verbete corrupção, aos que possuem poder decisório em nosso país.
Seria de grande valia lembrar principalmente o “Não furtarás”. O respeito aos princípios éticos e à moralidade pública mudariam para melhor o rumo do Brasil.
Recordo um fato ocorrido com um ministro do governo de Felipe González, na Espanha.
O referido ministro presenteou sua esposa com um belíssimo piano de cauda. A mídia descobriu que a compra foi efetivada com dinheiro público. O piano, graças à pressão da população foi devolvido à loja. O dinheiro aos cofres governamentais. E o cargo de ministro entregue ao presidente.
Como última sinfonia de um corrupto. A punição aos que transgridem leis, deveria ser um exercício ininterrupto dos que primam pelas ações transparentes.
Urge, pois passar tudo pelo crivo da ética. Urge a mobilização de entidades representativas e do povo buscando o saneamento e o afastar dos infratores. Jamais a apatia. Jamais a impotência perante o poder corruptível e corruptor. Jamais uma cidadania anêmica.
O povo quer de volta as suas verdades anestesiadas por tanta impunidade. O povo quer ver nas cadeiras da Câmara Alta, egos que busquem, não o individualismo, mas o “tu”, a comunidade que o elegeu. Alguém profundamente ligado ao “ethos” e que não sucumbe ante a força do materialismo que quer se impor como valor máximo da pós-modernidade.
O povo quer de volta as suas verdades que são as conquistas, a liberdade, a epiderme patriótica.
O povo quer de volta essa verdade como labareda dentro do corpo que diz não à impunidade e chama de mal-aventurados todos os corruptos…
*Carmem Nóvoa
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