MANAUS – ‘Fazer ou não sexo no primeiro encontro?’, essa dúvida passou em diferentes ocasiões pela cabeça da empresária Carla Costa, de 44 anos, por diferentes motivos. Ela, assim como tantos outras de sua geração – influenciadas pelo pensamento machista de que mulheres que transavam no primeiro encontro eram promíscuas, se negou a transar antes de namorar com alguém, ao longo de toda a sua juventude.
Confesso que já senti vontade em vários primeiros encontros no alto de meus 20 anos, por exemplo, mas não conseguia ir para a cama com ninguém, porque me sentia muito culpada. Além disso, tinha aquele pensamento de que os homens não valorizavam quem transava com eles logo de cara, então eu sempre optava por ter uma postura mais retratada em relação a isso. Hoje, é claro que penso completamente diferente, nós podemos fazer o que quisermos, explicou a empresária.
Quem também não liga muito para padrões arcaicos é a universitária Giovana Airon, de 22 anos. A jovem é categórica ao afirmar que as pessoas devem fazer sexo quando houver vontade e consentimento.
“Se a mulher tiver com vontade e quiser, eu acho uma maravilha que elas façam sexo logo no primeiro encontro. Não vejo problema algum, eu mesma, já fiz isso várias vezes. A questão toda é a vontade. Se eu tiver com vontade, por que não? Eu tenho um pensamento que a mulher pode fazer o que ela quiser, afinal o corpo é dela”, afirmou a universitária.
O avanço de pautas progressista e da liberdade sexual tornaram possível que um outro tipo de desconforto começasse a ser manifestado mais frequentemente: o de quem se sente mais pressionado a transar logo no primeiro encontro.
Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha realizada a pedido da Omens, plataforma digital focada na saúde sexual masculina, em parceria com o aplicativo de relacionamentos Happn, o desconforto diante da sensação de uma quase obrigação de fazer sexo no primeiro encontro aflige quase um terço (32%) dos brasileiros.
O designer Eduardo Brito, 22, por exemplo, afirma que já ficou inseguro em diversos encontros, especialmente os que marcou no universo virtual.
“Como os primeiros encontros nós estamos conhecendo a pessoa, acaba acontecendo, de fato, uma certa falta de comunicação, e hoje há muita gente que procura aplicativos para sexo mesmo. Então fico um pouco pressionado, sim, e inseguro para saber se a pessoa com quem estou saindo está com vontade de transar, e eu possa não estar correspondendo”, relatou o jovem.
De acordo com o psicólogo Marco Silva, a popularização de aplicativos de paquera tem banalizado, em muitos casos, as relações sexuais, o que tem propiciado no desconforto citado por um terço dos brasileiros.
“A liberdade sexual e a banalização da sexualidade são coisas diferentes, é sempre bom esclarecer isso. A liberdade diz respeito ao respeito e aos entendimentos sobre o tema, para ajudar a encontrar o que uma pessoa deseja. Enquanto a banalização está relacionada às atitudes irresponsáveis e incoerentes que as pessoas se permitem sujeitar, seja por fatores culturais ou por falta de informação”, explica.
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