A França sedia amanhã (22) e sexta-feira (23) a Cúpula Por um Novo Pacto Financeiro, evento convocado pelo presidente Emmanuel Macron que pretende estabelecer um novo marco entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para dar conta dos desafios financeiros e climáticos globais. Neste evento, um esperado anúncio pode acontecer: os países ricos enfim devem cumprir a meta de destinar anualmente US$ 100 bilhões em financiamento climático para ações de adaptação climática nos países mais pobres.
Em 2009, na COP15 em Copenhague, os países desenvolvidos se comprometeram a chegar neste valor até 2020. A promessa se encaixa num contexto em que os países pobres afirmam que, apesar de serem os menos responsáveis pela emergência climática atual, acabam sofrendo os efeitos mais destrutivos delas.
No entanto, em 2023 a promessa ainda não foi cumprida. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em sua análise mais recente, estimou o valor mobilizado pelos países desenvolvidos para tal fim em 2020 em US$ 83,3 bilhões.
Agora, enquanto a França se prepara para receber líderes mundiais na cúpula, fontes do governo francês dizem que os países desenvolvidos poderão cumprir neste ano a promessa feita em 2009. E o anúncio deste cumprimento pode acontecer já amanhã, embora talvez fique para a COP28, que acontece em novembro nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo essas fontes, ouvidas por veículos como o Premium Times, da Nigéria, a meta de US$ 100 bilhões deverá ser alcançada combinando uma variedade de fontes para o dinheiro. O financiamento incluiria recursos públicos em acordos bilaterais e multilaterais, além de crédito à exportação e transferências do setor privado.
Recentemente, a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, já havia dito que os países desenvolvidos estavam “no caminho de finalmente chegar à soma de US$ 100 bilhões neste ano”.
US$ 100 bilhões podem não ser o bastante
Ainda que o cumprimento da promessa de US$ 100 bilhões anuais represente certo alívio para os países mais pobres, alguns apontam que o valor pode não ser suficiente para dar conta das necessidades mais imediatas de adaptação climática.
O presidente do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, disse que somente a África precisará de US$ 2,7 trilhões para se adaptar às mudanças climáticas até 2030.
Isso porque desastres ambientais vêm assolando o continente africano recentemente. Em 2022, segundo o Premium Times, a Nigéria teve 26 dos 36 estados do país afetados por inundações, que deixaram 603 pessoas mortas, mais de 2 mil feridos e gerou 1,3 milhão de deslocados internos e externos.
A Somália também vive situação preocupante, tendo recentemente 250 mil pessoas deslocadas forçadamente após o transbordamento de um rio na região central do país. Ao mesmo tempo, a Somália vive sua maior seca em quatro décadas, com 43 mil pessoas mortas devido ao calor extremo em 2022.
Além da questão do valor em si do financiamento climático, há também as críticas à estrutura desses mecanismos. Recentemente, a Oxfam publicou relatório apontando que os valores anunciados pelos países ricos são superestimados, já que parte do dinheiro foi retirada de outros orçamentos de ajuda externa já existentes, e parte do que é considerado financiamento climático inclui fundos alocados para projetos de saúde e educação, com benefícios apenas marginais para o clima.
A Oxfam também argumenta que o financiamento deveria ser fornecido na forma de doações, em vez de empréstimos, que criam dívida para os países em desenvolvimento. Se todas essas formas de ‘maquiar’ os repasses forem consideradas, restariam, dos US$ 83,3 milhões anunciados pela OCDE como financiamento cumprido em 2020, apenas algo entre US$ 21 bilhões a US$ 24,5 bilhões de ajuda como “puro financiamento climático”, diz a organização.
*Com informações da UMSÓPLANETA
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