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Vida nova

Idoso que perdeu nariz recebe nova prótese facial

Aposentado descobriu tumor em 2018 depois de sentir uma dor forte no nariz

Reprodução: Divulgação FO/UFRGS

O aposentado Ricoberto Bohn, de 70 anos, perdeu o nariz, devido a um tumor maligno na região nasal. Com o diagnóstico, toda a região nasal do homem precisou ser removida por causa da doença. Durante dois anos, o aposentado que mora em Feliz, no Rio Grande do Sul, precisou viver sem o nariz. No lugar, havia apenas um buraco protegido com um curativo.

A remoção do nariz e uma sequela no lábio superior fizeram com que Ricoberto sentisse mais dificuldade em respirar corretamente —ele só consegue fazer isso através da boca. Foi um momento difícil para ele e a esposa, Lucia Bohn, 68, que acompanhou todo o processo.

Ele descobriu o tumor em 2018 depois de sentir uma dor forte no nariz. “Fui logo procurar o médico e descobri o câncer”, diz o aposentado.

A opção de tratamento seria remover totalmente o nariz em cirurgia e mais de 30 sessões de radioterapia. O câncer não tinha se espalhado para outras regiões do corpo. “Tive medo de não conseguir me reerguer novamente”, lembra.

Na hora foi um baque muito forte, me ver sem o nariz. As pessoas olhavam e perguntavam: ‘Como respira se não tem o nariz?’. Mas tinha fé que um dia iria resolver isso.

Ricoberto Bohn

O caso de Ricoberto é considerado mais extremo, diz a médica. Ele chegou com um câncer mais agressivo que necessitava da remoção total, então foi encaminhado ao serviço de prótese. Hoje, ele está curado e faz acompanhamento médico.

Às vezes, o paciente pode ser submetido a diversas cirurgias na região nasal sem ser com a retirada total, mas isso depende de um diagnóstico rápido.

“Estava preocupado em ficar sem nariz”

Assim que descobriu que teria de remover o nariz, Ricoberto foi encaminhado ao grupo que iria cuidar da prótese facial. O paciente só pode receber a prótese com autorização do médico responsável — no caso do aposentado, o combinado era esperar para ver se não haveria risco de recidiva, isto é, de o tumor voltar.

Mas depois de dois anos, ele, enfim, recebeu o novo “nariz” por meio de um trabalho voluntário, coordenado pela cirurgiã bucomaxilofacial Adriana Corsetti, professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Agora, o aposentado se diz muito mais feliz. Há 1 mês, Ricoberto recebeu a prótese provisória —antes disso, ele estava usando uma temporária.

Eles levantaram meu astral. Estava muito preocupado em ficar sem um nariz, agora estou muito mais feliz e 100% agradecido depois de passar por esse trauma tão forte.

Ricoberto Bohn

De acordo com Corsetti, isso faz parte do processo até para entender se o paciente está se adaptando ou não.

“A temporária atende bem aos requisitos na proteção do tecido e na função do nariz. Mas ela não é tão primorosa quanto à prótese definitiva, que é feita com o melhor silicone e com a melhor estética”, explica.

Os cuidados não param por aí. A cada seis meses, ele precisa passar na equipe que fez a prótese para saber se está tudo funcionando corretamente.

Diariamente, Ricoberto precisa fazer a higiene da prótese —basta retirar e, depois, passar uma cola ao redor.

Ainda segundo a cirurgiã responsável, o ideal é que ele durma sem o nariz. “A cola dura o dia todo, mas o nariz fica suado pela questão da respiração”, explica.

Como disse Lucia, esposa do aposentado, “agora é só alegria”. “É importante que essas pessoas não fiquem sem apoio. Elas precisam saber que há solução”, fala a também aposentada.

Próteses vão além da estética

A prótese proporciona um conjunto de benefícios ao paciente: ajuda na estética, na parte psicológica, além de ter a função da região removida do corpo, explica Corsetti.

“A ideia é que a pessoa seja reabilitada quanto antes, mas é necessário esperar orientação e a autorização do médico do paciente, pois o paciente, em um primeiro momento, chega com a sequela.”

A maioria teve alguma neoplasia maligna: câncer, traumas, consequências de acidentes de carro e moto, queda ou ferimento por arma de fogo. A minoria é por motivos congênitos, ou seja, quando a pessoa nasce sem uma parte do corpo, como a orelha. 

Adriana Corsetti

Os valores das próteses na rede privada são variados, pois dependem principalmente da extensão necessária. Elas podem custar entre de R$ 2.000 até R$ 10 mil (ou mais) para o paciente.

O projeto começou oficialmente em 2018 e, desde então, 144 pacientes já foram reabilitados —com 82 na lista de espera. O atendimento é realizado na faculdade de odontologia da UFRGS.

Há quatro outros professores da universidade e alunos do curso que também atuam como voluntários. A cada consulta, o paciente paga apenas R$ 5 reais para manutenção do local.

*Com informações do UOL

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