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Seca histórica

Rio Negro sobe 17 centímetros em Manaus

Rio registrou a pior seca em 121 anos de medição, no dia 16 de outubro deste ano, ao atingir 13,59 metros

Reprodução: Antonio Lima/ Secom

Manaus (AM) – Após mais de 130 dias de vazante, o Rio Negro subiu 17 centímetros em Manaus e uma cota elevada de 12, 87 metros foi registrada na segunda-feira (30), por meio de pesquisadores no porto público da capital amazonense. O rio registrou a pior seca em 121 anos de medição, no dia 16 de outubro deste ano, ao atingir 13,59 metros.

Segundo o Porto de Manaus, em 2023, as águas começaram a baixar no dia 17 de junho na capital e assim seguiu por pelo menos 132 dias.

Diferente de 2010, agora considerado a segunda maior seca, o rio Negro custou mais dias para ficar instável e voltar a elevar a cota.

Na última sexta-feira (27), foi notado que a cota estabilizou em 12,70 metros, e no sábado e domingo, o rio Negro subiu 10 centímetros, e outros 7 na segunda-feira (30), o que elevou a cota para 12,87 metros.

A pesquisadora em Geociências do Serviço Geológico do Brasil, Jussara Cury, explicou que apesar do nível ter se estabilizado nos últimos dias, isso não quer dizer que o processo de vazante terminou.

“A vazante em Manaus se encerrou? Ainda não. A região está recebendo as águas de contribuição das duas principais bacias, tanto a do Negro quanto a do Solimões. A região do alto Rio Negro apresentou processo de recuperação nas duas semanas anteriores, ainda naquela ordem de 10cm diários, e até próximo de Barcelos, subidas menores, mas parou de descer, isso já gera um impacto positivo aqui na região. Na bacia do Solimões, em Tabatinga, há duas semanas apresenta processo de recuperação de seu nível”,

pontuou a pesquisadora.

Segundo Cury, a subida das águas ocorrerá de forma lenta, já que as chuvas isoladas estão contribuindo para o atual nível do rio.

“Esse processo de recuperação vai ser um pouco lento, porque os níveis estão muito baixos e precisamos observar que, no momento, essas contribuições são resultados das chuvas dessas regiões isoladas, ainda não são chuvas distribuídas ao longo da bacia, são chuvas concentradas em regiões de cabeceiras”,

ressaltou Jussara.

A previsão é que o volume de chuvas da semana que vem colabore ainda mais com a subida do nível das águas, principalmente na capital amazonense.

“Nesta semana, temos previsão de chuvas abaixo da média nas duas bacias, mas na semana seguinte, haverá chuvas concentradas, tanto na bacia do Solimões quanto na bacia do Negro, e chuvas distribuídas até a região de Manaus, o que pode contribuir para essa estabilidade do processo da vazante como um todo”,

alertou Jussara Cury.

Representando uma das classes mais afetadas pela seca história, o pescador Evandro Maia, relatou as dificuldades enfrentadas pelos profissionais, que não sabem o que aguardar nas próximas semanas.

“Agora que está mais difícil, ficou mais escasso a pescaria, nos lagos que tinham, poucos peixes escaparam, porque a maioria morreu. Está mais longe para conseguir o pescado. Isso só a natureza vai poder dizer no futuro como que vai ficar o serviço da pesca, porque uma seca dessa afetou completamente aqui. Só Deus que sabe o dia de amanhã, porque nós que somos pescadores, não sabemos o que vai acontecer no futuro”,

finalizou Maia.

Até as 14h de domingo (29), haviam 60 municípios em situação de emergência, 02 cidades em alerta, nenhum em atenção e nenhum em normalidade. Segundo o Boletim da Estiagem, o Amazonas tem 618 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 154 mil famílias.

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