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CPI das ONGs

Divergências entre Marina Silva e políticos do Amazonas reacendem discussão da BR-319

Ministra do Meio Ambiente defendeu pesquisa sobre viabilidade econômica e ambiental para a pavimentação da rodovia; Parlamentares contestam

Brasília (DF) – O depoimento da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), ontem (27), gerou críticas de parlamentares amazonenses, principalmente a respeito da viabilidade econômica, social e ambiental da BR-319.

O presidente da CPI, senador Plínio Valério (PSDB), questionou sobre a funcionalidade de entidades e demais pautas ambientais, dentre elas, a conclusão da rodovia. Ainda, relembrou a crise enfrentada pelo Amazonas em janeiro de 2021, que resultou na morte de pessoas por falta de oxigênio em hospitais. De acordo com ele, a Br-319 facilitaria a chegada dos cilindros de oxigênio e outros insumos no estado.

O isolamento do Amazonas ao restante do país, por vias terrestres, também foi apontado pelo deputado federal Saullo Vianna (União), quando afeta 4 milhões de brasileiros. O parlamentar se posicionou a favor da proposta de formação de um Grupo de Trabalho no Governo Federal para avaliar a hipótese de utilizar o Fundo Amazônia para concluir as obras da BR-319, realizada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).

“A BR-319 é nossa única alternativa de ligação rodoviária do Amazonas ao país. Os problemas econômicos do nosso isolamento logístico são conhecidos. Há mais de 40 anos sofremos com o custo Amazonas mais elevado que o custo Brasil, o que onera a nossa atividade produtiva e impede o nosso crescimento econômico”,

disse. 

Durante a pandemia de COVID-19, época em que ocorreu a crise de oxigênio, a pavimentação da rodovia estava sob responsabilidade do Governo Bolsonaro, tendo como ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e, posteriormente, Joaquim Álvaro Pereira Leite. A pasta, neste período, foi gerenciada sob diretrizes contrárias a preservação ambiental.

A ministra, em seu depoimento, enfatizou que o Amazonas possui senadores, deputados federais, inclusive teve um vice-presidente da República, com relação a Hamilton Mourão (Republicanos), durante a gestão bolsonarista, e, apesar disso, não construiu a estrada nos últimos 15 anos.

O discurso se relaciona ao fato de Marina Silva ter deixado o Ministério do Meio Ambiente em 2008, no segundo mandato do Governo Lula, e retornou apenas em 2023, mais de uma década depois. Após Marina, já estiveram no cargo, Carlos Minc, Izabella Teixeira, Sarney Filho, Ricardo Salles e Joaquim Leite.

O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), deputado estadual Roberto Cidade (União), informou estar indignado com a declaração realizada pela ministra e também destacou o interesse social com o pleno funcionamento da rodovia.

“Nós queremos a BR-319 porque enxergamos nela uma oportunidade real e viável de prosperidade econômica e social para o nosso Estado. Mais uma vez, eu e os demais deputados estaduais do Amazonas repudiamos a falta de compromisso da ministra Marina com o povo do Norte, do qual ela também faz parte. No entanto, faz questão de virar as costas. O Norte, o Amazonas e os amazônidas merecem respeito”,

repudiou.

A obra requer três requisitos fundamentais para obter a licença que permite a sua finalização, de acordo com Marina, deve ser comprovado a viabilidade ambiental, econômica e social, cuja finalidade contribua positivamente e produtivamente para a sociedade.

“Não tenho dúvida de que as pessoas querem o direito de ir e vir, mas a viabilidade econômica e ambiental, a não ser que seja para converter as áreas de mais de 400 quilômetros de floresta virgem em outro tipo de atividade, não tem viabilidade. Ambientalmente e economicamente, não se faz uma estrada de 400 km no meio da floresta virgem, apenas para passear de carro se não estiver associada a um projeto produtivo”, afirmou durante sessão.

A escolha da expressão “passear de carro” resultou em críticas de políticos amazonenses e nas redes sociais.

“Mais uma vez, a ministra Marina Silva demonstra publicamente seu desprezo pela BR-319. Desta vez, adiciona um tom de deboche ao se referir ao nosso direito de ir e vir como “passear de carro”. Além disso, a ministra destaca a viabilidade ambiental como mais relevante do que as pessoas que precisam da BR-319 para sobreviver. Saiba que custe o que custar, não vamos desistir da BR-319!”, declarou o deputado estadual Fausto Junior (União), em publicação nas redes sociais.

O deputado estadual Silas Câmara (Republicanos) também se posicionou contrário a declaração, ao dizer que Marina Silva emitiu uma “fala infeliz”, tal como são todas as falas a respeito da BR-319 e, em consequência, com os amazonenses e demais estados da região.

Em seu perfil nas redes socais, o presidente da CPI continuou as críticas a ministra do Meio Ambiente, afirmando que ela “finge ignorar” a importância social e econômica da rodovia.

“Ela cruza os céus de jatinhos e Boeings, mas pobres mortais do Norte não têm direito a única via que liga Manaus ao resto do País. (…) Caixa preta ou laranja, caixa de Pandora, o importante é que a CPI das ONGs escancarou para o Brasil o perigoso submundo dessas organizações que atuam contra o país, com a conivência do aparato estatal ambiental comandado pela ministra Marina Silva”, disse.

Reta final

A CPI das ONGs está com o cronograma marcado para as próximas ações. De acordo com Plínio, o município São Félix do Xingu, no Pará, local em conflito, será visitado para a checagem e recolhimento de depoimentos e imagens.

“Nós estamos na reta final, agora todos estão viajando para a COP28, mas temos o Ministério dos Povos Indígenas, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) ainda em pauta, que estão mais visíveis no momento. Achamos que a vinda da Marina, que antecipamos, fecharia tudo o que apuramos, não só das ONGs, mas principalmente ao Ibama e Instituo Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)”, concluiu.

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Comentários:

  1. Marina está coberta de razão e deixou os políticos do Amazonas que usam a Br 319 como TRAMPOLIM eleitoreiro. Cadê as viabilidades sociais, econômicas e ambientais para a obra? Essa estrada não pode servir apenas para a BURGUESIA passear de carro não!

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