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Operação Papel Carbono

Doleiro preso pela PF em Manaus possui contas no exterior e em paraísos fiscais

Segundo a PF, suspeito usava a empresa dele, "Amazônia Câmbio", que funciona no Edifício Antônio Simões, no Centro de Manaus, para operar em duas modalidades: câmbio paralelo e dólar-cabo

Foto: Reprodução

Manaus (AM) – A Polícia Federal deu detalhes da Operação Papel Carbono que investigou e prendeu, nesta terça-feira (12), um doleiro responsável por gerir um esquema de operações de câmbio não autorizadas em Manaus. As ações do investigado movimentaram ilegalmente a quantia estimada de US$ 114 milhões de dólares, que convertidos para o real somam mais de R$ 560 milhões. O homem não teve o nome divulgado.

Conforme o delegado João Carlos Uchoa, o suspeito usava a empresa dele, “Amazônia
Câmbio”, que funciona no Edifício Antônio Simões, no Centro de Manaus, para operar em duas modalidades: câmbio paralelo e dólar-cabo.

Foto: reprodução

“O câmbio paralelo nada mais é que a troca de moeda estrangeira sem a devida documentação e sem o recolhimento de impostos, especialmente o Imposto de Operações Financeira (IOF)”,

diz.

Durante a investigação, foi constatado que o investigado realizava operações de “câmbio paralelo” e “dólar-cabo”, trocando moeda estrangeira fora dos canais oficiais e sem a documentação necessária ou o recolhimento dos impostos devidos. Na modalidade ‘dólar-cabo’, o homem agia como um intermediário, para receber ou enviar dinheiro de clientes para o exterior clandestinamente.

“Ele também realizava operações de dólar-cabo, que é uma espécie de evasão de divisas em que a pessoa promove a entrada ou saída de valores sem o conhecimento dos órgãos de fiscalização e do Banco Central. Esse tipo de conduta é normalmente procurada por pessoas que possuem domicílio fiscal no Brasil, possuem dinheiro em contas e precisam fazer a saída desses valores sem que tenham o pagamento de impostos. Normalmente isso está atrelado a dinheiro de origem ilícita. Essa pessoa procura o doleiro, esse doleiro age como um intermediário e por meio de sua rede de contatos, consegue fazer a saída desses valores para outros países”,

enfatiza João Carlos.

No decorrer das apurações, a PF descobriu ainda que o doleiro possui várias contas no exterior e em paraísos fiscais.

“Há indicativos, por exemplo, de que esse doleiro investigado tenha contas em países como a República Dominicana, China e Estados Unidos”.

As investigações tiveram início após uma abordagem realizada por policiais federais em novembro de 2019, no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. Na ocasião, o investigado tentou ocultar a quantia de R$ 150 mil em espécie em uma mala. O dinheiro estava encoberto por revistas e papéis carbono, possivelmente como forma de esconder o conteúdo quando submetido à inspeção por raio-X.

Foto: Reprodução

Outro método utilizado era a realização de operações de câmbio simuladas, em que a entrega de moeda estrangeira era registrada em nome de pessoas falecidas ou de indivíduos que não residiam nas áreas de atuação das casas de câmbio ou suas correspondentes, a fim de ocultar a verdadeira origem e o real destino dos valores transacionados.

“As operações eram realizadas para pessoas que não residem nos locais onde a empresa funciona, nem nas suas correspondentes cambiais, assim como venda de moeda em valores quebrados diferentes de 0,5, que é muito incomum. Então, a partir daí, diante desse relatório e do pedido da Polícia Federal, foi determinada a suspensão das atividades desta casa de câmbio e de 38 correspondentes cambiais, pelo prazo de 180 dias, até que seja apurada a participação da forma como foram realizadas essas condutas criminosas”,

finaliza o delegado.

Foram mobilizados 30 policiais federais para o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva nas cidades de Manaus e São Paulo. As ordens judiciais também abrangem o sequestro e a indisponibilidade de bens do investigado, totalizando R$ 428 milhões, e incluem a suspensão das operações da empresa envolvida e de outras 38 correspondentes cambiais.

Os envolvidos poderão ser responsabilizados pelos crimes de gestão fraudulenta, falsa identidade para realização de operação de câmbio, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A soma das penas para os crimes identificados pode alcançar até 32 anos de reclusão.

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