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Empreendedorismo feminino

Empreendedora amazonense desafia o mercado de trabalho em busca da autonomia financeira

Apesar dos avanços conquistas nas últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam dupla jornada, no ambiente doméstico e profissional

Manaus (AM) — A dupla jornada marca a vida das mulheres que atuam no mercado de trabalho, quando precisam conciliar as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos com as atividades profissionais. Essa realidade se intensifica para as mulheres que buscam no empreendedorismo uma saída para conquistar a independência financeira.

A empreendedora Elizandra Alves, proprietária da Mariah Doçura Brigaderia, também enfrentou dificuldades para equilibrar as atividades dentro e fora do lar, em paralelo à persistência em iniciar o próprio negócio.

“Sem dúvidas os principais desafios foram trabalhar, estudar, chegar em casa, ainda ter que produzir nossos produtos e, mesmo assim, ainda cuidar da família, e as pessoas julgarem como se empreender não fosse uma ‘boa’ fonte de renda”,

disse.

Em busca de qualificação, a doceira realizou cursos sobre empreendedorismo e estudou em escolas de gastronomia, para criar o valor do seu negócio e também mostrar os resultados àqueles que duvidavam do seu empreendimento.

Uma pesquisa realizada, entre os meses de fevereiro e março, pela empresa SumUp demonstrou que, em média, 63% das mulheres empreendedoras são chefes de família e 84% são as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, demonstrando a sobrecarga em suas atividades. Além disso, mostrou que mulheres faturam menos, onde 41% das empreendedoras ganham menos do que 1 salário mínimo.

A desigualdade do mercado de trabalho é evidente devido, principalmente, a jornada para a mulher enquanto força de trabalho. A economista Denise Kassama relembrou que décadas atrás, quando o machismo era a cultura dominante, este cenário era bem pior e com o passar dos anos e das lutas sociais houve a evolução em diversas áreas.

“Muitos empregadores deixam de contratar mulheres em idade fértil por conta da maternidade, um preconceito muito grande e a empresa também não quer arcar com os custos de ter alguém que não vai trabalhar por seis meses ou que esteja cuidando de filho pequeno. Ainda precisamos quebrar esse paradigma e a transformação começa pela educação”,

detalha.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicada em 2023, com dados de 2022, a cada dez mulheres em idade para trabalhar, apenas cinco participam do mercado de trabalho, seja já empregadas ou em busca de um emprego. Enquanto isso, entre os homens, 7 a cada 10 homens estão atuando no mercado.

Ainda no período de 2022, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) divulgou o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios, com dados do IBGE. O levantamento identificou mais de 10 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios.

A independência financeira é vislumbrada pelas mulheres, Elizandra relatou que os momentos mais gratificantes em sua trajetória como empreendedora está na possibilidade em realizar atividades voltadas para a capacitação de outras mulheres e poder proporcional à sua família uma boa qualidade de vida.

“É gratificante poder treinar, incentivar e motivar novas mulheres a terem sua própria fonte de renda e se orgulharem com isso. Através dessa renda realizar seus sonhos e promover o sonho de seus familiares, no meu caso, amo promover viagens em família e ver os olhos das minhas filhas brilharem”,

afirmou.

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