Enquanto a indústria brasileira de semicondutores se prepara para receber novos incentivos por meio do ainda embrionário programa federal Brasil Semicondutores (Brasil Semicon), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) já trabalha em um planejamento estratégico para exercer papel ativo no impulso ao setor dentro do Polo Industrial de Manaus (PIM).
O Brasil Semicon pode mudar o cenário industrial e econômico da Zona Franca de Manaus (ZFM) e do país, segundo avaliam especialistas.
Diante do panorama favorável à economia amazonense, a UEA planeja atuar em diferentes frentes na seara dos semicondutores, por meio de sua Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA). Entre os projetos está a formação de mão de obra local especializada para a “indústria do futuro”.
“A área de semicondutores é estratégica tanto para Brasil como para Amazonas. Precisamos formar capital humano o quanto antes, porque quanto mais rápido a gente conseguir formar pessoas e empresas para o nosso polo industrial, mais rápido a gente conseguirá essa liberdade, digamos assim, em relação à questão geopolítica que afeta esse setor”, avalia o diretor da EST/UEA, Prof. Dr. Jucimar Maia Júnior.
Semicondutores
Matéria-prima de chips e microcircuitos, semicondutores são componentes capazes de conduzir correntes elétricas e estão presentes em diversos equipamentos produzidos pela indústria de eletrônicos, automobilística e médica, além do agronegócio e da tecnologia da informação e comunicação (TIC).
O Brasil Semicon vai estimular o investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) junto a Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) na produção de chips de smartphones, painéis solares e outros dispositivos da indústria 4.0.
O mesmo projeto que cria o Brasil Semicon também amplia a vigência tanto do já existente Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Semicondutores (Padis) como da Lei de TICs, conhecida como Lei da Informática, para o ano de 2073.
A nova data foi determinada para coincidir com o período de concessão de benefícios fiscais ao modelo ZFM.
Possibilidades
Com a descentralização de produção e as políticas do Brasil Semicon, a UEA pode aproveitar sua proximidade da ZFM para se integrar ao ecossistema incentivado.
“Podemos criar cursos de graduação e pós-graduação voltados especificamente a semicondutores, firmar parcerias com as indústrias para desenvolver projetos de PD&I e tantas outras possibilidades”, salienta o diretor da EST/UEA.
Mas o principal projeto da UEA pensado, já há alguns anos, para os semicondutores consiste no Parque Tecnológico, empreendimento em fase de planejamento.
Foi idealizado exatamente para acelerar negócios de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) nos mercados de jogos eletrônicos e de semicondutores, com base no conceito Tríplice Hélice da Inovação, unindo universidade, empresa e poder público.
“Todo esse planejamento vai culminar em nosso Parque Tecnológico. Teremos lá um núcleo de semicondutores, com laboratórios de microeletrônica para o design de chips, por exemplo. Queremos criar sinergias com as indústrias do PIM para abordar desafios específicos, facilitar transferência de tecnologia, fomentar mão de obra qualificada e criar processos de fabricação mais eficientes”, enumera Jucimar Jr.
Expectativas
O projeto do Brasil Semicon exige que as empresas beneficiadas invistam 5% de seu faturamento bruto em PD&I. Ao mesmo tempo, autoriza o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) a financiarem o segmento, em diferentes atividades da cadeia produtiva, desde o design até os testes finais de chips e outros dispositivos baseados em semicondutores.
Na prática, o incentivo à produção local de semicondutores deve reduzir o custo de produção e permitir que os consumidores tenham acesso a eletrônicos mais baratos e de qualidade. Estima-se que o gasto global com TIC supere US$ 5 trilhões em 2024. No ano passado, dos US$ 3,2 trilhões investidos mundialmente, o Brasil obteve apenas 1,6% (US$ 50 bilhões).
Com o Brasil Semicon e a consequente redução da dependência externa, a ideia do governo federal é posicionar o Brasil como fornecedor preferencial na cadeia de suprimentos do mercado externo, passando a fornecer chips para os principais desenvolvedores globais de tecnologia, como os EUA.
Parque tecnológico
Na esfera de governo, representantes da UEA já se reuniram com o vice-governador do Estado, Tadeu de Souza, para dar andamento às tratativas em torno do Parque Tecnológico, projetado para ser construído no complexo da EST. Na unidade, já existem experiências bem-sucedidas de projetos de PD&I em parceria com empresas do PIM, com destaque para a Samsung e a TecToy.
A ideia é que o Parque Tecnológico da UEA abrigue incubadoras, crie novas empresas de base tecnológica competitivas e estimule a transferência de tecnologias gerando qualificação de mão-de-obra local e novos empregos.
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱