Manaus (AM) – O Programa Cine Total entrevistou o cineasta e crítico de cinema, Gabriel Bravo. O convidado, que integra, também, a equipe do site CineSet, falou sobre o cinema regional e a produção do seu curta-metragem que foi lançado no ano passado.
O Cine Total é exibido toda quinta-feira, às 18h, por meio das redes sociais e Youtube do Portal Em Tempo. O programa é voltado para os amantes do cinema e do audiovisual, a fim de discutir e conhecer as novidades sobre o universo da sétima arte.
Primeiramente eu gostaria que você comentasse um pouco para gente sobre o atual momento do cinema amazonense, você acredita que este mercado aqui ainda tem um longo caminho a percorrer? Quais são as principais dificuldades para este setor na região?
Acho que o primeiro ponto para gente analisar é que nós temos aqui um uma série de profissionais trabalhando no cinema amazonense e trabalhando com poucos recursos na maioria das vezes e que nossa mão de obra precisa sempre melhor aproveitada. Eu acho que um ponto de partida que é um tanto clichê, mas pensar a dificuldade de produção artística não só para o cinema mas falando especificamente visual, se dá quase sempre por falta de recursos e apoio financeiro, principalmente dos órgãos públicos. E as políticas públicas voltadas para audiovisual. A gente sabe que são complicadas é um cenário que a gente espera que melhore sempre. De certo modo, eu acho a gente passa por um momento de muito frescor no cinema amazonense, a gente passa por um momento onde nós conseguimos nos destacar a nível nacional, internacional. Mesmo com todas as dificuldades, a gente passa por um momento onde há uma certa efervescência e uma certa vontade muito grande de produção para se contar novas histórias.
E na sua opinião, como que esse cenário pode ser melhorado?
Contando uma experiência própria, saí do ensino médio e fui fazer o vestibular, ainda existia o curso de produção audiovisual na UEA, que foi um curso que tem apenas duas turmas e foi descontinuado. Eu acabei não fazendo o curso, mas tinha intenção no futuro. Lembro de alguns diálogos na área para que esse curso voltasse a ser disponibilizado na Universidade Estadual do Amazonas. Acho algo extremamente benéfico, extremamente proveitoso ter uma universidade, um curso de cinema público, mas por outro lado nós também temos alguns cursos já disponibilizados nos particulares, curso de pós-graduação, nós temos com uma certa frequência também oficina sendo disponibilizadas que eu acho que é um investimento que vale muito a pena, tanto de sentido público também como o setor privado.
Eu acho que um outro ponto também seria uma melhor distribuição dos filmes feitos aqui. Para exibições que vão para além dos pontos mais certeiros geralmente no Centro da cidade, mas para expandir essas exibições para os bairros, para as escolas, o que seria interessante para um futuro assim no cinema amazonense.
Você tocou no nesse ponto muito interessante de expandir. Você acha que existe uma movimentação para tirar um pouco de centralizar um pouco ali ou você acredita que ainda é muito incipiente esse movimento de romper um pouco com essa bolha?
Eu acho que existe uma movimentação sim. Eu conheço alguns grupos artísticos que tem se preocupado com a situação tanto no cinema quanto para outras artes também de levar o cinema para além dessa bolha. É muito centrado numa parte específica da cidade. Eu acredito que eles têm tido certo apelo popular também. Pelo menos que eu percebo assim quando essa bolha é furada a população tem abraçado as situações. Eu acho que você conseguir também levar não só o cinema, quanto parte de exibição, mas também a possibilidade da produção de cinema, produção de audiovisual pela população nos bairros, levar oficinas para esses bairros específicos junto a distribuição e exibir de filmes é um ponto muito importante. E eu acho que passa muito por aí, de conseguir tirar a produção audiovisual de uma bolha onde ela hoje pode estar fechada.
Você produziu no ano seguinte “Ninguém morreu”. Eu queria que você falasse um pouco de como foi o seu início no cinema. Como você entrou nesse cenário, como que foi o seu início, como que surgiu o interesse pelo cinema?
Ele surgiu na adolescência. Eu fiz um curso da Artro Produções, isso foi em 2015, eu estava saindo da escola e foi um curso muito importante para mim de iniciação audiovisual. Nesse curso a gente teve aulas e no final a gente produziu um curto-metragens. A turma produziu curtas-metragens, e esse foi o meu início da produção. Depois de um tempo eu fui fazer jornalismo na UFAM, que é um curso que tem em alguns períodos e algumas matérias muito voltadas para cinema e audiovisual. Na faculdade eu tive a possibilidade de produzir o curta que é o “No dia seguinte ninguém morreu” que produzi com os colegas da faculdade e a gente tinha o interesse de fazer o melhor filme possível dentro das possibilidades que estavam ali. A gente pensou muito bem como fazer uma história que seria possível ser contado, de ser filmada e embora a gente tenha feito o melhor possível, a gente ficou um tanto surpreso quando o filme conseguiu sair também da universidade. Ganhamos alguns prêmios, conseguimos participar de alguns festivais e foi uma surpresa muito legal, que me deu muito ânimo para continuar produzindo.
Gabriel, gostaria que você falasse um pouco mais sobre o seu curta propriamente dito, sobre a o processo criativo para chegar nesse produto final e o qual foi a sua ideia principal ali para fazer ele acontecer?
Ele parte de uma premissa meio extraordinária de um mundo onde as pessoas param de morrer. Eu tive a ideia específica, muito naturalmente, acho que eu parti de uma problematização e depois eu fiz a relação dele com o livro do Saramago “As Intermitências da Morte” que trata do mesmo tema, sobre a morte desaparecer. Quando a gente pensou a primeira vez que eu falei foi um curso feito na faculdade e tudo mais. A gente sabia que tinha uma certa dificuldade para fazer um curta assim, porque não com tanto convencional em termos de temática e de narrativa. Então, a gente pensou em algumas possibilidades para conseguir driblar essas dificuldades e construir o filme como a gente queria. Então a gente buscou algumas referências acho que o principal delas é um curta-metragem de produção científica francês que ele é construído a partir de fotografias. E o meu filme ele é construído a partir das fotografias e a gente buscou isso primeiro porque esteticamente ficava muito interessante, a ideia de fazer as fotos ali paradas te encarando com a ideia da vida que para também por causa da morte e que dá muito mais possibilidades também de planos, de locais.
Edição Web: Bruna Oliveira
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