A relação entre os gatos e a água é um tema que desperta curiosidade e, muitas vezes, humor entre tutores de felinos.
O medo de água é quase um estereótipo universal quando falamos de gatos, e essa característica marcante pode ser vista tanto na vida real quanto em representações fictícias, como no filme de animação Flow, de Gints Zilbalodis.
A trama, que se desenrola em um cenário apocalíptico onde a água submergiu toda a vida humana, acompanha um gato e seus companheiros enquanto eles buscam sobreviver em um ambiente dominado pelo elemento que, ironicamente, é conhecido por aterrorizar a maioria dos felinos.
Mas por que, afinal, os gatos têm essa fama de odiar a água? E como essa relação pode ser mais complexa do que imaginamos?
Ao longo de sua evolução, esses animais têm evitado a água por uma questão prática. Os ancestrais dos felinos domésticos que conhecemos hoje eram originários de regiões áridas e desérticas, como o Oriente Médio.
Nessas áreas, o contato com grandes volumes de água era extremamente raro, o que acabou por não desenvolver, nos gatos, uma afinidade natural com esse elemento. Isso contrasta, por exemplo, com cães que, ao longo da história, foram criados para realizar tarefas que frequentemente envolviam água, como a caça e a pesca.
Gatos, por outro lado, caçavam pequenas presas em terra firme, e não precisavam se molhar para garantir sua sobrevivência.
Além da herança evolutiva, há fatores sensoriais que contribuem para o desconforto dos gatos com a água. A pelagem felina, embora extremamente eficaz para proteger o corpo de temperaturas extremas, não é projetada para secar rapidamente.
Quando molhada, ela retém água, deixando o gato desconfortável e vulnerável ao frio. A sensação de uma pelagem encharcada também pode interferir nas habilidades sensoriais do gato, que depende de sua agilidade e controle sobre o corpo para caçar e se movimentar rapidamente.
Assim, estar molhado é, para o gato, uma situação incômoda e potencialmente perigosa.
O banho, aliás, é outro ponto interessante na relação dos gatos com a água. Ao contrário de cães e outros animais domésticos, os gatos são extremamente meticulosos com sua higiene pessoal.
Eles passam horas se lambendo e cuidando de sua pelagem, o que torna o banho desnecessário na maioria dos casos. No entanto, em situações específicas, como quando o gato se suja com substâncias tóxicas ou pegajosas, o banho se torna inevitável.
Nessas ocasiões, é comum que o gato reaja com estresse e até medo, já que ele está sendo colocado em uma situação que foge totalmente de seu controle.
Para minimizar o desconforto dos gatos com o banho, nós, especialistas da Unidade de Saúde Felina, recomendamos que os tutores tomem algumas precauções. Usar água morna, manter o ambiente tranquilo e usar xampus específicos para gatos são algumas das dicas que podem ajudar a tornar a experiência menos traumática.
Além disso, é importante lembrar que, se o gato for habituado à água desde filhote, ele pode se acostumar mais facilmente a essa rotina. Como acontece com tantas outras questões comportamentais em gatos, a introdução gradual e positiva de novos estímulos é fundamental para garantir que o animal não desenvolva medo ou aversão.
No geral, a relação dos gatos com a água é um reflexo de sua evolução, de suas características sensoriais e de sua capacidade de se adaptarem aos desafios que encontram. Embora a maioria dos felinos prefira manter distância da água, existem exceções, e com paciência e cuidado, é possível ajudar os gatos a se sentirem mais confortáveis quando o contato com a água é necessário.
Flow nos mostra, em um cenário fictício, essa jornada de enfrentamento de medos e superação, que, no fundo, é uma experiência compartilhada por todos os felinos — sejam eles os heróis de um filme ou os companheiros de nossas vidas.
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱